Um grupo ambientalista veio hoje a público revelar a sua preocupação pela inclusão de eucaliptos entre as espécies florestais listadas para o Mercado de Carbono Voluntário.
“O GEOTA alerta que o Mercado de Carbono Voluntário pode financiar plantações de eucalipto e comprometer sustentabilidade florestal”, segundo o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente.
A associação refere-se à proposta de Metodologia de Carbono sobre Novas Florestações, que esteve em consulta pública até ao dia 25 de abril de 2025 no âmbito do mercado voluntário de carbono.
“A versão atual da metodologia pode abrir caminho ao financiamento indireto de plantações de eucalipto, com consequências negativas para o ambiente, o território e a aceitação social da medida”, segundo o GEOTA.
A ideia é que quem polui, compra créditos a projetos que sequestram ou reduzem carbono, onde se incluem as florestas. A compra e venda destes créditos será feita através da plataforma Mercado de Carbono Voluntário. Os poluidores conseguem assim compensar as emissões poluentes, enquanto os proprietários florestais geram receita.
Mas o GEOTA avisa que a metodologia “não exclui plantações de eucaliptos porque considera elegíveis todas as espécies florestais listadas nos grupos I e II dos Programas Regionais de Ordenamento Florestal (PROF) dos quais o eucalipto faz parte. Por outro lado, a metodologia permite também, mediante justificação técnica e aprovação do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. a utilização de espécies florestais fora dos grupos prioritários definidos pelos PROF”.
Esta abertura nas regras “levanta preocupações fundadas quanto à inclusão do eucalipto, cuja expansão em Portugal tem sido associada a impactos adversos na biodiversidade, nos recursos hídricos e no aumento do risco de incêndios”.
“É profundamente perverso que esta metodologia possa tornar-se um financiador indireto da indústria do eucalipto, precisamente quando este já ocupa mais de um quarto da floresta nacional”, disse Miguel Jerónimo, coordenador dos projetos Renature.
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