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Fórum BCE: Choques globais levam a resposta sincronizada dos bancos centrais, defende estudo

O atual ciclo de política monetária foi único em vários aspetos, incluindo na sincronização da resposta dos bancos centrais ocidentais, que nunca haviam agido tão em bloco, salienta a análise de Kristin Forbes, do MIT, apresentada em Sintra.
3 Julho 2024, 12h30

O atual ciclo de política monetária foi o mais curto desde os anos 70 e mostra a maior coordenação entre diferentes bancos centrais, um indício de que os choques globais tiveram maior impacto na definição dos juros do que a situação interna de cada economia, sugere um estudo apresentado esta quarta-feira no Fórum do Banco Central Europeu (BCE), em Sintra.

A análise, da autoria de Kristin Forbes, professora no Massachusetts Institute of Technology (MIT), foca-se nos ciclos de política monetária em 24 economias desenvolvidas desde 1970 a maio de 2024 e conclui que “a política monetária parece estar mais sincronizada entre países” na mais recente subida de juros. Como tal, e apesar das semelhanças com outros períodos de restritividade, há alguns fatores específicos a esta escalada nas taxas diretoras.

“Nunca houve um ciclo como este, que, em muitas formas, é sem precedentes”, explicou a autora, olhando especificamente para a sua duração e coordenação entre países. Por um lado, o intervalo entre a fase de subidas dos juros e o alívio dos mesmos foi o mais curto do período estudado; por outro, os bancos centrais agiram de forma sincronizada, tomando decisões muito semelhantes em períodos próximos.

“Tal sugere que os choques globais têm uma importância cada vez maior” na definição da política monetária, continuou, uma mudança de paradigma em relação a ciclos anteriores, definidos sobretudo pela situação interna de cada economia. Segundo o estudo, os eventos de impacto global explicaram mais de 50% das mexidas nas taxas de juro, sendo a primeira vez que tal se verificou.

Ao mesmo tempo, Kristin Forbes admite a possibilidade de a taxa natural ter ficado mais elevada após a pandemia, uma sugestão levantada por vários economistas nos últimos tempos.

O BCE subiu os juros de forma sem igual na sua história a partir de julho de 2022, tendo decretado aumentos cumulativos de 450 pontos base antes de começar a cortar já este ano. por sua vez, a Reserva Federal mantém as taxas entre 5,25% e 5,5% há já sete reuniões consecutivas após o ciclo de subidas mais agressivo dos últimos 40 anos.

Projetando os próximos tempos, a autora sugere que a dispersão entre políticas monetárias pode crescer nos próximos tempos à medida que os países levam em conta “as condições domésticas” das suas economias. De qualquer das formas, mexidas futuras devem ser “cautelosas e graduais”.

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