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Fórum para a Competitividade: “estamos a desacelerar para uma tendência de crescimento baixíssima”

Portugal continua pelo terceiro ano consecutivo no quadrante de ‘baixo investimento e em expansão” do ciclo de investimento, mantendo-se praticamente na mesma posição que no ano passado, diz o Fórum liderado por Pedro Ferraz da Costa.
22 Janeiro 2019, 18h25

A economia portuguesa deverá desacelerar em 2019 e de novo em 2020 e 2021, em linha com o que se deverá passar na zona euro, em ambos os casos por carências da oferta de emprego  (taxa de desemprego já está muito baixa), avança o Fórum para a Competitividade no seu nº 4 das Perspectivas Empresariais, relativo ao 4º trimestre de 2018.

“O problema não está na desaceleração em si, mas no facto de estarmos a desacelerar para uma tendência de crescimento baixíssima, cerca de 1,5%, porque nada foi feito nos últimos três anos para a aumentar”, diz o economista do Fórum Pedro Braz Teixeira.

Em termos sectoriais, o abrandamento deverá ser sentido em todos os sectores, com a possível excepção da construção. O emprego deve continuar a desacelerar mas, mesmo assim, permitindo novas reduções da taxa de desemprego, diz o Fórum que acrescenta que o emprego deve continuar a desacelerar “mas, mesmo assim, permitindo novas reduções da taxa de desemprego”.

Análise ao Investimento em Portugal com base no BEI 

A publicação do Fórum inclui a análise sobre o investimento em Portugal com base no inquérito do BEI (Banco Europeu de Investimento). Segundo o BEI o investimento continua a recuperar em Portugal, mas permanece cerca de 20% abaixo do nível de 2008. Uma grande parte desta diferença reflete ainda o fraco investimento por parte do governo e das famílias, resultando em menor investimento em habitação e “outros edifícios e estruturas”.

Portugal continua pelo terceiro ano consecutivo no quadrante de ‘baixo investimento e em expansão” do ciclo de investimento, mantendo-se praticamente na mesma posição que no ano passado.

“As grandes empresas passaram já para o quadrante de “elevado investimento e em expansão”. Ainda assim, todos os tipos de empresas e sectores estão na metade correspondente a expansão”, já que a maioria das empresas espera investir mais no corrente ano do que no ano passado.

“Cerca de oito em cada dez empresas consideram que a incerteza, custos energéticos e regulação económica e laboral constituem obstáculos ao investimento (84%, 81%, 79% e 78% respetivamente)”, refere a análise.

Isto é, os custos com energia (81%) e os regulamentos do mercado de trabalho (79%) são mais frequentemente citados em Portugal do que em toda a UE, constata a análise.

Ora, “estes obstáculos são maiores em Portugal do que na União Europeia, onde os mesmos obstáculos são referidos respectivamente por 69%, 58%, 64% e 62% das empresas”, lê-se na análise.

A disponibilidade de mão de obra qualificada é referida como um obstáculo por 77% das empresas quer em Portugal quer na União Europeia.

Existem diferenças assinaláveis entre os vários sectores, diz a publicação do Fórum. As empresas do sector da construção reportam mais obstáculos do que a média (91% das empresas do sector referem a incerteza como um obstáculo. “A incerteza sobre o futuro continua a ser a barreira mais comum para 84% das empresas, o mesmo que a última edição mas maior do que na média da UE (69%)”, explica a instituição. A insuficiência de infra-estruturas de transporte são um obstáculo para 52% das grandes empresas, mas apenas 36% das PMEs reportam o mesmo obstáculo. “Uma maior proporção de empresas industriais e de infra-estruturas (83% e 82% respetivamente) investiram mais do que as do sector da construção (71%). As grandes empresas (85%) tinham maior propensão a investir do que as PME (75%”), conclui o BEI.

Cerca de 15% das empresas referem que investiram abaixo do desejável ao longo dos últimos três anos, semelhante à média da UE (16%) e abaixo da edição anterior (18%). A percentagem de empresas que reporta deter máquinas e equipamentos de “topo” é abaixo da média da UE (34% contra 44%), refere o BEI citado pelo Fórum. O investimento por empregado aumentou ligeiramente desde o ano passado, com maior intensidade  no setor de infraestruturas. Ainda assim, a intensidade de investimento continua abaixo da média da UE, diz o Fórum.

Há ainda a destacar que nenhuma das grandes empresas inquiridas reportou qualquer tipo de restrição de financiamento. Nesta edição, apenas 5% das empresas reportam sofrer restrições de financiamento, bastante abaixo dos 12% reportados na edição anterior. Portugal está agora em linha com a média da UE (também 5%).

As firmas do sector da Construção (9%) e PMEs (8%) tem uma maior probabilidade de sentir restrições de financiamento.

O inquérito anual do Grupo BEI ao investimento e financiamento do investimento (EIBIS) cobre cerca de 12.300 empresas em toda a União Europeia (UE). “Como banco da UE, o Grupo BEI responde à necessidade de acelerar o investimento para fortalecer a criação de emprego e a competitividade a longo prazo e a sustentabilidade em todos os 28 Estados-membros da UE”, lê-se no documento.

Os resultados apresentados para Portugal baseiam-se em entrevistas por telefone a 535 empresas em Portugal realizadas entre abril e julho de 2018.

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