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Fórum para a Competitividade prevê “claro abrandamento” da economia no resto do ano

Enquadramento externo e impacto da subida das taxas de juro deverão levar economia portuguesa a abrandar, depois de ter acelerado, nos primeiros três meses do ano, estima o Fórum para a Competitividade.
3 Maio 2023, 15h32

A economia portuguesa deverá registar um “claro abrandamento” nos próximos meses, depois de ter apresentado um crescimento surpreendente de 1,6%, no primeiro trimestre de 2023. A previsão é do Fórum para a Competitividade, que se baseia não só no enquadramento externo, mas também no “forte impacto da subida das taxas de juro e da inflação”.

Conforme revelou na semana passada o Instituto Nacional de Estatística (INE), nos primeiros três meses do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) nacional acelerou em cadeia de 0,3% para 1,6%, embora tenha abrandado de 3,2% para 2,5% em termos homólogos.

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“A subida trimestral foi muito acima do esperado, pelo lado das exportações, ainda que o contributo da procura interna tenha passado a ser negativo, em resultado da desaceleração do consumo interno e do investimento”, sublinha esta quarta-feira o Fórum para a Competitividade, reagindo, assim, aos dados divulgados pelo gabinete de estatísticas.

Já quanto ao segundo trimestre, os dados preliminares são, por enquanto, “um pouco ambíguos”, analisa a mesma entidade. “Por um lado, o indicador diário de atividade, calculado pelo Banco de Portugal, sofreu um claro abrandamento em abril, mas registou-se uma melhoria da confiança na generalidade dos sectores”, sublinham os especialistas do Fórum para a Competitividade.

E fazem uma ressalva: a confiança na indústria caiu, o que não é “auspicioso para as exportações, que foram o grande impulsionador do PIB, no primeiro trimestre”.

Perante estes dados, o Fórum para a Competitividade antecipa que “o mais provável” é que abril tenha sido sinónimo de um abrandamento, que, de resto, se deverá estender ao resto do ano. “Para o resto do ano, espera-se um claro abrandamento, não só devido ao enquadramento externo, mas também devido ao forte impacto da subida das taxas de juro e da inflação”, estimam os especialistas.

Em maior detalhe, as taxas de juro deverão pressionar o consumo privado e o investimento, o que afetará a procura interna.

Por outro lado, o Fórum para a Competitividade alerta que “ainda não é claro o que motivou um tão bom comportamento das exportações num contexto externo fraco”, no arranque do ano. “Mas é provável que tenha derivado das elevadas flutuações dos preços das exportações e das importações, que estão a estabilizar, pelo que o mais provável é que tenha sido um fenómeno pontual e não repetível”, acreditam os especialistas.

De olhos no futuro, o Fórum para a Competitividade nota ainda que a turbulência bancária reacendeu em abril nos Estados Unidos, pelo que é importante estar atentos a estes riscos, que “permanecem latentes e poderão mesmo agravar-se”.

Já quanto ao Programa de Estabilidade para o período de 2023 a 2027, que foi apresentado em Bruxelas em abril, os especialistas realçam que este apresenta o “mais baixo potencial de crescimento de médio prazo desde 2016”, o que deixa perceber “implicitamente” que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e todos os outros fundos europeus “não servem para melhorar a nossa capacidade produtiva”.

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“O Governo nunca cumpriu as promessas dos sucessivos Programas de Estabilidade de ir baixando a carga fiscal e revela um aumento permanente desta de 1,3% do PIB, cerca de 3,3 mil milhões de euros adicionais todos os anos, a preços de 2023”, criticam ainda os especialistas.

A propósito, recentemente foram conhecidos os dados da carga fiscal relativos a 2022 e mostram que nesse ano foram atingidos máximos de quase 30 anos. “O mais chocante é que acontece, em simultâneo, com uma profunda degradação dos serviços públicos. Isto revela, no mínimo, níveis baixíssimos de eficiência da despesa pública”, atira esta quarta-feira o Fórum para a Competitividade.

Atualizada às 15h55

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