Com a Assembleia Nacional tripartida entre forças com poucos vasos comunicantes entre si, o presidente Emmanuel Macron acumula opções antes de decidir. E a mais recente é uma espécie de terceira via, que passaria por convidar o Les Républicains (que ficaram em quarto lugar nas eleições) a formar um governo para o qual convergissem apoios do Ensamble (a coligação que apoia Macron) e uma parte da Nova Frente Popular (que ficou em primeiro lugar). Esta solução teria dois alvos ‘secundários’: por um lado, tentaria não hostilizar de todo a extrema-direita (que ficou em segundo lugar e não tolera qualquer governo da esquerda); e, por outro, podia dividir a esquerda entre a ala mais radical (o France Insoumise e o Partido Comunista) e a mais moderada (Partido Socialista e Ecologistas). Para os analistas, esta solução – que à partida é tão boa ou tão má como as várias outras que estão à disposição de Macron – teria ainda um objetivo ‘escondido’: enfraquecer a coligação, cuja ‘cola’ todos sabem ser pouco sólida. E desmotivar uma eventual futura proposta comum para as eleições presidenciais de 2027.
Os primeiros passos neste sentido já foram dados: o presidente da região de Hauts-de-France, Xavier Bertrand, e o deputado de Eure-et-Loir, Olivier Marleix – dois membros do Les Républicains que a imprensa francesa diz serem pouco conhecidos pela proximidade política – apresentaram esta ideia como solução, para, afirmaram, tirar o país da crise institucional e bloquear a formação de um governo de esquerda sob o domínio do France Insoumise. “Precisamos de um governo de emergência formado pelo Les Républicains, independentes, o campo de Emmanuel Macron e, talvez, homens e mulheres de boa vontade, que claramente querem que o nosso país não seja paralisado”, explicou Xavier Bertrand.
Para já, a coligação de esquerda nem se dá ao trabalho de responder: a sua proposta é clara – a Frente Popular ganhou as eleições e é impensável que o convite de Macron para a formação do próximo governo não passe por eles. O problema é que a Frente é bem menos clara em relação a um nome que possa, de forma consensual, ser convidado para governar. E disse que não o fará antes da próxima semana, tendo eventualmente de recorrer a uma votação interna.
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