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Francisco Louçã diz que crescimento do BE afastou direita do poder e acabou com “bipartidarismo”

Na XII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, o fundador e antigo coordenador do partido defendeu que a “ameaça maior” em Portugal é “o poder económico que tudo domina e cria exploração e discriminação”, e sublinhou que, quando o BE chegar ao poder, combaterá o “parasitismo” económico.
“Quando vejo quem diga que as forças à esquerda foram empecilhos ou quem venha apelar à maioria absoluta como se isso fosse estabilidade nós sabemos que não é verdade. A estabilidade que conta é a da vida das pessoas.”
22 Maio 2021, 18h29

O fundador e antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE) Francisco Louçã defendeu este sábado que o crescimento do BE “desmantelou o bipartidarismo” e afastou a direita do poder. O ex-líder bloquista considerou que a “ameaça maior” em Portugal é “o poder económico que tudo domina e cria exploração e discriminação”, e sublinhou que, quando o BE chegar ao poder, combaterá o “parasitismo” económico.

“Com esta força do Bloco, Portugal tem agora a certeza de que não voltaremos a ter a maioria absoluta que protege a desigualdade social nem a direita não voltará ao Governo”, defendeu Francisco Louçã, na XII Convenção Nacional do BE, que decorre este fim de semana em Matosinhos, no distrito do Porto.

Francisco Louçã elogiou o papel da atual coordenadora do BE, Catarina Martins, que fez com que o partido se tornasse “o terceiro maior partido português”, logo atrás do PS e PSD, “durante seis anos sem interrupção”. “O BE chegou a esse crescimento porque cumpriu dois objetivos que definem o nosso tempo: desmantelou o bipartidarismo das maiorias absolutas e afastou a direita do poder”, defendeu.

A “coerência, clareza e força” foram, segundo Francisco Louçã, os três pilares em que sustentou o crescimento do BE. E deu como exemplo a assinatura dos acordos parlamentares de 2016 com o PS que permitiram “a recuperação do salário mínimo, das pensões e do emprego” e a defesa da “testagem e vacinação massivas”, com a pandemia da Covid-19, garantindo que “as medidas sociais não esquecessem ninguém”.

Disse ainda que, “quando o PS matou a geringonça em 2019, depois de não ter conseguido maioria absoluta, e recusou um compromisso para medidas fundamentais durante quatro anos”, o BE manteve a sua “clareza” ao “nunca recuar nas prioridades”, como a defesa do Serviço Nacional de Saúde, salários, direitos de quem trabalha. “É deste partido que gosto, que dá tudo por uma democracia responsável”, referiu.

Francisco Louçã e o sonho de ter Mariana Mortágua nas Finanças

O fundador do BE criticou ainda a “exploração de imigrantes nas estufas” e as “máfias do trabalho a pagar à jorna”, e defendeu que “em Portugal não há nenhuma ameaça maior do que o poder económico que tudo domina e cria exploração, discriminação, racismo, que quer fazer da saúde um negócio e do emprego uma sorte”.

“Quero dizer-vos uma certeza que tenho”, começou por dizer. “Quando a Mariana [Mortágua] for ministra das Finanças, o Estado não será um porquinho mealheiro para pagar aventuras como a do Novo Banco. Dívidas de 500 milhões de euros não serão tratadas como traquinices garantidas por um palheiro ou uma mota de água”.

Para Francisco Louçã, faz falta um Governo que recuse “a pirataria financeira”, que “proteja quem paga impostos e que cuide do bom uso da coisa pública”. “Quando o PS ameaça uma crise política para pagar à Lone Star, que o Tribunal de Contas diz ser um abuso, ou quando, custe o que custar, o dinheiro dos contribuintes é posto ao serviço de negócios, não preciso de explicar o que é o parasitismo”, sublinhou.

“Cada dia que passa ouvimos uma nova lição sobre o que é a extorsão e percebemos a falta que faz um Ministério das Finanças que defenda o povo (…) Queremos essa garantia de contas limpas. O combate do BE nas Finanças mostra que o que tem de ser o Governo (…). É disso que o país precisa: a hora da esquerda. Portugal voltou e ainda bem”, concluiu.

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