Os ativos globais de fundos de pensões registam um crescimento de dois dígitos em 2020 (11%) para os 52,5 triliões de dólares, resistindo “à tempestade de 2020”, segundo o Thinking Ahead Institute.
O estudo abrange os ativos globais de fundos de pensões institucionais dos 22 maiores mercados.
De acordo com os mais recentes números do Global Pension Assets Study do Thinking Ahead Institute, o rácio dos ativos de pensões em relação ao PIB atingiu um crescimento recorde de 11,2% para os 80,0%.
De acordo com o estudo, houve um aumento significativo na proporção de ativos de pensões em relação à média do PIB, “mais concretamente um crescimento de 11,2% para os 80% no final de 2020”.
“Este é o maior aumento anual desde o início do estudo em 1998, igualando o crescimento registado em 2009, altura em que os ativos de pensões recuperaram após a crise financeira global. Embora a medida geralmente indique um sistema de pensões mais forte, o forte aumento também destaca o impacto económico da pandemia no PIB de muitos países”, diz a análise.
O Thinking Ahead Institute conclui ainda que entre os sete maiores mercados de pensões, a tendência foi ainda mais pronunciada, com um aumento de 20% no rácio dos ativos de pensões em relação ao PIB para 147% em 2020, comparativamente com os 127% no ano anterior.
“Na década que terminou em 2020, a China (21,0%), a Coreia do Sul (12,3%) e a Índia (10,7%) foram os mercados de crescimento mais rápido em termos de ativos totais. Estima-se que os ativos que financiam planos de contribuição definida representem quase 53% do total de ativos de pensões nos sete maiores mercados”, refere o comunicado do instituto.
Os sete maiores mercados no que diz respeito a ativos de fundos de pensões – Austrália, Canadá, Japão, Holanda, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos – representaram no ano passado 92% dos grupo de 22 mercados analisados, tal como já havia acontecido um ano antes.
Os EUA continuam a ser o maior mercado de fundos de pensões, representando 62% dos ativos em todo o mundo, seguido do Japão e do Reino Unido, com 6.9% e 6.8%, respetivamente.
O estudo também mostra que a aposta em ativos alternativos prossegue, “marcando duas décadas de mudanças na alocação de ativos de fundos de pensões em todo o mundo”. Em 2000, apenas 7% dos ativos de fundos de pensões dos sete maiores mercados foram alocados a mercados privados e a outras alternativas, em comparação com mais de um quarto dos ativos (26%) em 2020. Esta mudança ocorre em detrimento da alocação a ações, que caiu dos 60% para os 43 % no período em análise, enquanto a alocação de obrigações desceu marginalmente dos 31% para os 29%.
A alocação média de ativos dos sete maiores mercados é agora composta por ações (43%), obrigações (29%), ativos alternativos (26%) e liquidez (2%).
Estima-se que os ativos de Contribuição Definida representem agora quase 53% do total dos ativos de fundos de pensões nos sete maiores mercados, contra os 35% registados em 2000, tornando-se, assim, no modelo dominante para as pensões em todo o mundo. Ao longos dos últimos 10 anos, estes fundos de pensões têm vindo a crescer a uma taxa anual de 8,2%, enquanto os ativos que financiam planos de pensões de Benefício Definido têm crescido a um ritmo mais lento de 4,3%.
Marisa Hall, responsável do Thinking Ahead Institute, afirma no comunicado que “num ano muito tumultuoso, os fundos de pensões continuaram a crescer fortemente em 2020, sustentados por temáticas contínuas com várias décadas, como a mudança das ações para ativos alternativos e o crescimento dos ativos de Contribuição Definida, que são agora o modelo de pensões global dominante”.
“Isto retrata uma indústria resiliente com boa saúde e relativamente bem posicionada para enfrentar os efeitos – económicos e outros – da pandemia. Esta é uma boa notícia para muitos milhões de beneficiários em todo o mundo. No entanto, isto não deve mascarar os crescentes desafios que os líderes da indústria enfrentam, especialmente no que se refere às pretensões e necessidades de grupos interessados mais alargados, enquanto continua a proporcionar segurança financeira aos membros dos seus fundos”, acrescenta.
“Acreditamos que um dos principais desafios para os fundos de pensões, e oportunidades de impacto, é a gestão eficaz dos seus ativos. É claro que o imparável ‘comboio ESG’ [environmental, social and corporate governance] está a ganhar velocidade e, em alguns casos, está a ser alimentado pela mudança climática. É este foco na sustentabilidade que irá realmente moldar o setor dos fundos de pensões nas próximas décadas. Prevemos uma realocação significativa de capital à medida que o mundo dos investimentos passa por uma mudança de paradigma ao estender o seu foco bidimensional tradicional em risco e retorno para um tridimensional de risco, retorno e impacto”, defende Marisa Hall.
Já José Marques, responsável por investimentos em Portugal, refere que, relativamente a Portugal, os ativos de fundos de pensões cresceram 5,6% fruto das rendibilidades positivas em 2020, mas também das contribuições efetuadas pelas empresas ao longo do ano.
O rácio entre volume de ativos e PIB subiu ligeiramente para aproximadamente 11%, mas mantém-se muito abaixo dos principais mercados de pensões mundiais, adianta. “Este reduzido rácio é resultado da perspetiva otimista de que o atual sistema de segurança social continuará a oferecer o atual nível de pensões nas próximas décadas aliado às limitadas políticas de incentivo à poupança para a reforma”, diz José Marques.
“Tal como tem sido observado globalmente, os fundos de pensões portugueses têm vindo também a acelerar a implementação de fatores ESG nas suas políticas de investimentos, e alavancado pelas novas necessidades regulatórias que entraram em vigor em 2020, é expetável que 2021 veja progresso significativo nesta matéria”, conclui.
Conclusões do estudo (dados de 22 mercados em 2020):
– Os EUA (62%) continuam a ser o maior mercado em termos de fundos de pensões, seguidos de longe pelo Japão e Reino Unido, com 6,9% e 6,8%, respetivamente.
– O rácio dos ativos de pensões para a média do PIB atingiu os 80% no final de 2020
– A Holanda continua a ter o maior rácio de ativos de pensões em relação à média do PIB (214%), seguida do Canadá (193%) e da Austrália (175%).
– A taxa de crescimento anual composta média de dez anos (CAGR) nestes 22 mercados é de 6,2%.
– As taxas de crescimento estimadas em cinco anos (em moeda local) variam entre os 0,3% ao ano em Espanha e os 15,0% na Índia.
– Os EUA continuam a deter o maior peso (62%) neste universo; enquanto a Coreia do Sul e a China também cresceram marginalmente em relação aos outros mercados incluídos no estudo, nos últimos dez anos.
– Os números de dez anos (em moeda local) mostram que a Holanda aumentou os seus ativos de pensões como proporção do PIB em 93 pontos percentuais (pp) chegando aos 214%, seguida pela Austrália (62 pp para 175%), pelos EUA (55 pp para 157%), Canadá (55 pp para 192%) e Suíça (51 pp para 164%).
Dados dos sete maiores mercados dos fundos de pensões
Já nos sete maiores mercados no que diz respeito a ativos de fundos de pensões – Austrália, Canadá, Japão, Holanda, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos, o estudo conclui que
– A alocação de títulos nos mercados do caiu 17 pontos percentuais no total ao longo dos últimos 20 anos (60% para 43%), que financiou o crescimento na alocação correspondente para ativos alternativos.
–As alocações para obrigações permaneceram apenas marginalmente mais baixas neste mercados, com uma queda de 2 pontos percentuais para 29%.
– A proporção dos ativos de Contribuição Definida para o total cresceu dos 35% em 2000 para os 53% em 2020.
– A Austrália continuou a ter a mais elevada proporção de ativos de pensões CD para DB, com 86% dos seus ativos totais em fundos CD.
– O Japão (95%), a Holanda (94%), o reino Unido (81%) e o Canadá (61%) continuam a ser mercados dominados por ativos de pensões DB.
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