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Fundos de pensões globais crescem 11% para 2,5 triliões de dólares

Os ativos globais de fundos de pensões institucionais dos 22 maiores mercados continuaram a crescer em 2020, apesar do impacto da pandemia, registando um aumento de 11% para os 52,5 triliões de dólares no final do ano, de acordo com os mais recentes números do Global Pension Assets Study do Thinking Ahead Institute.
24 Fevereiro 2021, 14h03

Os ativos globais de fundos de pensões registam um crescimento de dois dígitos em 2020 (11%) para os 52,5 triliões de dólares, resistindo “à tempestade de 2020”, segundo o Thinking Ahead Institute.

O estudo abrange os ativos globais de fundos de pensões institucionais dos 22 maiores mercados.

De acordo com os mais recentes números do Global Pension Assets Study do Thinking Ahead Institute, o rácio dos ativos de pensões em relação ao PIB atingiu um crescimento recorde de 11,2% para os 80,0%.

De acordo com o estudo, houve um aumento significativo na proporção de ativos de pensões em relação à média do PIB, “mais concretamente um crescimento de 11,2% para os 80% no final de 2020”.

“Este é o maior aumento anual desde o início do estudo em 1998, igualando o crescimento registado em 2009, altura em que os ativos de pensões recuperaram após a crise financeira global. Embora a medida geralmente indique um sistema de pensões mais forte, o forte aumento também destaca o impacto económico da pandemia no PIB de muitos países”, diz a análise.

O Thinking Ahead Institute conclui ainda que entre os sete maiores mercados de pensões, a tendência foi ainda mais pronunciada, com um aumento de 20% no rácio dos ativos de pensões em relação ao PIB para 147% em 2020, comparativamente com os 127% no ano anterior.

“Na década que terminou em 2020, a China (21,0%), a Coreia do Sul (12,3%) e a Índia (10,7%) foram os mercados de crescimento mais rápido em termos de ativos totais. Estima-se que os ativos que financiam planos de contribuição definida representem quase 53% do total de ativos de pensões nos sete maiores mercados”, refere o comunicado do instituto.

Os sete maiores mercados no que diz respeito a ativos de fundos de pensões  – Austrália, Canadá, Japão, Holanda, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos – representaram no ano passado 92% dos grupo de 22 mercados analisados, tal como já havia acontecido um ano antes.

Os EUA continuam a ser o maior mercado de fundos de pensões, representando 62% dos ativos em todo o mundo, seguido do Japão e do Reino Unido, com 6.9% e 6.8%, respetivamente.

O estudo também mostra que a aposta em ativos alternativos prossegue, “marcando duas décadas de mudanças na alocação de ativos de fundos de pensões em todo o mundo”. Em 2000, apenas 7% dos ativos de fundos de pensões dos sete maiores mercados foram alocados a mercados privados e a outras alternativas, em comparação com mais de um quarto dos ativos (26%) em 2020. Esta mudança ocorre em detrimento da alocação a ações, que caiu dos 60% para os 43 % no período em análise, enquanto a alocação de obrigações desceu marginalmente dos 31% para os 29%.

A alocação média de ativos dos sete maiores mercados é agora composta por ações (43%), obrigações (29%), ativos alternativos (26%) e liquidez (2%).

Estima-se que os ativos de Contribuição Definida representem agora quase 53% do total dos ativos de fundos de pensões nos sete maiores mercados, contra os 35% registados em 2000, tornando-se, assim, no modelo dominante para as pensões em todo o mundo. Ao longos dos últimos 10 anos, estes fundos de pensões têm vindo a crescer a uma taxa anual de 8,2%, enquanto os ativos que financiam planos de pensões de Benefício Definido  têm crescido a um ritmo mais lento de 4,3%.

Marisa Hall, responsável do Thinking Ahead Institute, afirma no comunicado que “num ano muito tumultuoso, os fundos de pensões continuaram a crescer fortemente em 2020, sustentados por temáticas contínuas com várias décadas, como a mudança das ações para ativos alternativos e o crescimento dos ativos de Contribuição Definida, que são agora o modelo de pensões global dominante”.

“Isto retrata uma indústria resiliente com boa saúde e relativamente bem posicionada para enfrentar os efeitos – económicos e outros – da pandemia. Esta é uma boa notícia para muitos milhões de beneficiários em todo o mundo. No entanto, isto não deve mascarar os crescentes desafios que os líderes da indústria enfrentam, especialmente no que se refere às pretensões e necessidades de grupos interessados mais alargados, enquanto continua a proporcionar segurança financeira aos membros dos seus fundos”, acrescenta.

“Acreditamos que um dos principais desafios para os fundos de pensões, e oportunidades de impacto, é a gestão eficaz dos seus ativos. É claro que o imparável ‘comboio ESG’ [environmental, social and corporate governance] está a ganhar velocidade e, em alguns casos, está a ser alimentado pela mudança climática. É este foco na sustentabilidade que irá realmente moldar o setor dos fundos de pensões nas próximas décadas. Prevemos uma realocação significativa de capital à medida que o mundo dos investimentos passa por uma mudança de paradigma ao estender o seu foco bidimensional tradicional em risco e retorno para um tridimensional de risco, retorno e impacto”, defende Marisa Hall.

Já José Marques, responsável por investimentos em Portugal, refere que, relativamente a Portugal, os ativos de fundos de pensões cresceram 5,6% fruto das rendibilidades positivas em 2020, mas também das contribuições efetuadas pelas empresas ao longo do ano.

O rácio entre volume de ativos e PIB subiu ligeiramente para aproximadamente 11%, mas mantém-se muito abaixo dos principais mercados de pensões mundiais, adianta. “Este reduzido rácio é resultado da perspetiva otimista de que o atual sistema de segurança social continuará a oferecer o atual nível de pensões nas próximas décadas aliado às limitadas políticas de incentivo à poupança para a reforma”, diz José Marques.

“Tal como tem sido observado globalmente, os fundos de pensões portugueses têm vindo também a acelerar a implementação de fatores ESG nas suas políticas de investimentos, e alavancado pelas novas necessidades regulatórias que entraram em vigor em 2020, é expetável que 2021 veja progresso significativo nesta matéria”, conclui.

Conclusões do estudo (dados de 22 mercados em 2020):

– Os EUA (62%) continuam a ser o maior mercado em termos de fundos de pensões, seguidos de longe pelo Japão e Reino Unido, com 6,9% e 6,8%, respetivamente.

– O rácio dos ativos de pensões para a média do PIB atingiu os 80% no final de 2020

– A Holanda continua a ter o maior rácio de ativos de pensões em relação à média do PIB (214%), seguida do Canadá (193%) e da Austrália (175%).
– A taxa de crescimento anual composta média de dez anos (CAGR) nestes 22 mercados é de 6,2%.
– As taxas de crescimento estimadas em cinco anos (em moeda local) variam entre os 0,3% ao ano em Espanha e os 15,0% na Índia.
– Os EUA continuam a deter o maior peso (62%) neste universo; enquanto a Coreia do Sul e a China também cresceram marginalmente em relação aos outros mercados incluídos no estudo, nos últimos dez anos.

– Os números de dez anos (em moeda local) mostram que a Holanda aumentou os seus ativos de pensões como proporção do PIB em 93 pontos percentuais (pp) chegando aos 214%, seguida pela Austrália (62 pp para 175%), pelos EUA (55 pp para 157%), Canadá (55 pp para 192%) e Suíça (51 pp para 164%).

Dados dos sete maiores mercados dos fundos de pensões

Já nos sete maiores mercados no que diz respeito a ativos de fundos de pensões  – Austrália, Canadá, Japão, Holanda, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos, o estudo conclui que

– A alocação de títulos nos mercados do caiu 17 pontos percentuais no total ao longo dos últimos 20 anos (60% para 43%), que financiou o crescimento na alocação correspondente para ativos alternativos.

–As alocações para obrigações permaneceram apenas marginalmente mais baixas neste mercados, com uma queda de 2 pontos percentuais para 29%.

– A proporção dos ativos de Contribuição Definida para o total cresceu dos 35% em 2000 para os 53% em 2020.

– A Austrália continuou a ter a mais elevada proporção de ativos de pensões CD para DB, com 86% dos seus ativos totais em fundos CD.

– O Japão (95%), a Holanda (94%), o reino Unido (81%) e o Canadá (61%) continuam a ser mercados dominados por ativos de pensões DB.

O Instituto Thinking Ahead é da Willis Towers Watson Investments, empresa global líder em consultoria,  corretagem e soluções, cotada no Nasdaq.

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