Escrever sobre futebol em ano de mundial, especificamente no mês da competição, não é uma grande novidade, mas, também, uma opinião mais não fará grande diferença.
O futebol tem vindo a assumir uma importância crescente nas sociedades modernas, não apenas no plano desportivo, como social e, sobretudo, económico. Em função disso, o futebol tornou-se demasiado apetecível e disputado por vários segmentos da sociedade, com diferentes motivações.
Todavia, antes de atingir uma dimensão estratosférica, o futebol em Portugal começou por ser um desporto acessível, tendo sido, durante muitas décadas, uma modalidade popular, praticada quase exclusivamente por crianças pobres e gerida por voluntários que se entregavam aos seus clubes por gosto e paixão. Não obstante o amadorismo, pelo menos cumpria a sua função social de integração, saúde e bem-estar.
Entretanto, o futebol mudou drasticamente de paradigma. Hoje os jogadores são recrutados nas grandes academias e os dirigentes são profissionais bem remunerados. Temos grandes estádios e fazem-se muitos negócios em torno com significativo impacto económico e social, face à atenção da comunicação social.
Como qualquer outro negócio de grande dimensão, sobretudo os cotados em bolsa, o futebol exige administrações competentes, sóbrias, discretas e responsáveis. Igualmente os treinadores passaram a ser autênticos gestores de ativos e fortunas, como se de um departamento private da banca se tratasse, exigindo-se-lhes, por isso, um perfil de competências que combine, além dos extraordinários conhecimentos do futebol e “balneário”, uma capacidade de liderança, gestão de recursos humanos e dotes de comunicação muito acima da média.
Por esta razão, existem já, felizmente, muitos atletas e treinadores que procuram adaptar-se para responder adequadamente aos desafios do futebol. Mas, se por um lado a educação física e desporto estão bem desenvolvidos, já a gestão, assim como a alta finança, especificamente adaptados ao futebol, são áreas recentes e, ainda, em desenvolvimento. Talvez, por isso, não existam no mercado muitos profissionais competentes, capazes de combinar resultados desportivos com resultados financeiros. Na verdade se analisarmos atentamente o caso das sociedades anónimas desportivas portuguesas, estão quase todas sobreendividadas, muitas em falência técnica. Logo, facilmente podemos aferir a situação difícil em que se encontram, ocultadas pela dimensão social do fenómeno. Desta forma, o futebol torna-se um espaço apetecível para o desenvolvimento do populismo, com os resultados que se têm assistido em direto ultimamente.
Neste âmbito, as universidades têm uma oportunidade de negócio, caso apresentem formações que respondam aos desafios do futebol moderno. Por outro lado, têm a responsabilidade de formar e, até, educar para um novo paradigma que influencia muitas das nossas crianças, de forma a apresentar-lhes referências sociais positivas e não o que se tem visto.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com