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Gestores portugueses trabalham mais horas e o tempo rende menos

Em entrevista ao Jornal Económico Ramiro Martins, coordenador do estudo sobre o impacto da pandemia na vida dos gestores, apresentado esta segunda-feira na AESE, destaca a boa recetividade ao teletrabalho, apesar de algumas dificuldades na gestão do tempo. 
12 Maio 2020, 07h35

Um estudo sobre o impacto da pandemia na vida pessoal e profissional dos gestores realizado na AESE Business School  revela que 75% dos gestores que se encontram em teletrabalho apontam para um crescimento significativo das horas trabalhadas, com um crescimento ainda mais significativo da sua perceção do tempo que trabalham. Desse tempo, cerca de 50% é utilizado em reuniões online, com uma produtividade tendencialmente igual ou maior que as reuniões presenciais, sendo curiosa a diferente perceção entre homens e mulheres.

O Jornal Económico entrevistou Ramiro Martins, professor de Política Comercial e Marketing na AESE Business School e coordenador do estudo.

O que mudou a pandemia na vida dos gestores portugueses?

A mudança mais relevante, mas menos surpreendente, é o teletrabalho. O estudo da AESE sobre “O impacto da pandemia na vida pessoal e profissional dos gestores” demostra que a esmagadora maioria dos gestores encontra-se em teletrabalho. A conciliação vida-trabalho não é evidente, mas a experiência não se esta a revelar desastrosa. Aliás os resultados apontam para uma boa recetividade, caso as empresas venham a sugerir a continuidade pos-pandemia de teletrabalho.

 

Que impacto está a ter o ‘home office’ na maneira como gerem o tempo?

Nota-se uma sobrecarga em horas de trabalho. Apesar da redução do tempo gasto em deslocações, uma enorme maioria revela trabalhar muitas mais horas. A explicação pode estar relacionada com a necessidade de adaptação às circunstâncias, mas dum modo geral, todos trabalham mais horas e o tempo parece render menos.

 

As reuniões de trabalho remotas são mais ou menos produtivas que as presenciais?

Os resultados do estudo da AESE Business School apontam para que o tele-trabalho seja menos produtivo que o trabalho presencial, mas as reuniões serem muito mais produtivas.

 

A oferta de formação online disparou, a maior parte das vezes, gratuita. Estão os profissionais a aproveitar o tempo para investir em formação online e no desenvolvimento de competências que os torne mais dotados para adoptar estratégicas mais adequadas à sustentabilidade dos negócios?

O estudo sugere que cerca de dois terços não tiveram tempo de fazer formação. O restante terço fez formação preferencialmente sugerida pela empresa, mas também por sua iniciativa em temas fora do contexto empresa.

 

O que mais o surpreendeu neste estudo?

O que mais me surpreendeu neste estudo foi atitude positiva perante o futuro. Os gestores acreditam num mundo melhor pós-covid e duma forma geral acreditam que a sua vida terá mais oportunidades.

Acho que esta atitude irá favorecer uma rápida recuperação e será muito positiva para o país.

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