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Global trends: O que o consumidor procura em 2019

O comportamento dos consumidores mudou e quer adaptar-se aos tempos modernos. Das escolhas mais conscientes à fuga do online, estas são as principais tendências para 2019.
22 Janeiro 2019, 15h00

Menos plástico

A guerra ao plástico não é de agora mas 2019 quer consolidá-la. No início do segundo semestre do ano passado, várias foram as empresas que anunciaram medidas com vista à redução do plástico, assumindo, desta forma, um forte compromisso social e ecológico. O Lidl foi um dos pioneiros do movimento #plasticfree em Portugal, depois de anunciar, em Julho passado, que iria retirar todos os produtos de utilização única do mercado, como pratos e copos descartáveis. O plano da cadeia alemã entrou em vigor nesse mesmo mês, e para todas as lojas nacionais, e veio acompanhado doutra promessa: reduzir o consumo de plástico da empresa em 20% até 2025. Poucos dias depois, chegou o anúncio da Starbucks e a promessa de que, até 2020, vão substituir as palhinhas de plástico por soluções mais ecológicas e sustentáveis. A famosa cadeia norte-americana, que já conta com 16 lojas em Portugal e mais 28 mil a nível mundial, explicou que este se trata de um plano faseado mas que a medida já começou a ser implementada nos Estados Unidos e no Canadá. Aliás, as cerca de 559 lojas da marca no estado de Washington já só oferecem palhinhas biodegradáveis aos seus clientes.

Mas, mais do que um movimento empresarial, a redução do plástico é um dever moral. Ao longo do último ano, foram emergindo imagens nas redes sociais que se tornaram virais que funcionaram como um verdadeiro reality-check para muitos.

Uma das mais conhecidas mostra a modelo Aishwarya Sharma numa praia em Mumbai, na Índia. Podia ser uma imagem paradisíaca. Podia, se não fosse a quantidade de lixo que cobre a superfície do oceano e que deu à costa graças à subida do nível do mar.

 

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A imagem chocou milhares e reforçou o movimento #plasticfree, que já conta com cerca de 857 mil entradas no Instagram. Segundo um estudo realizado pelo portal Euromonitor, em 2019, o consumidor procurará, cada vez mais, opções alternativas ao material mais odiado do momento.

FOMO x YOMO: O prazer de estar offline

Depois do termo FOMO (Fear Of Missing Out), surgido em 2013, ter ganhado destaque nos últimos anos, agora há outra moda. Chama-se JOMO (Joy Of Missing Out) e significa exactamente o contrário do seu antecessor. Se há uns anos, o medo de perder alguma (FOMO) causava ansiedade em quem se desligava do mundo digital, agora a tendência reverteu-se e passa-se o contrário. Na verdade, assiste-se a uma mudança no comportamento dos utilizadores digitais. Hoje, são mais conscientes dos seus limites e preocupados com a sua saúde mental e, por isso, procuram, cada vez mais, momentos offline.

O movimento off-grid tem sido adoptado também por empresas, que procuram estratégias a favor das relações humanas, desprezando programas que impliquem a utilização de smartphones. Exemplo disso aconteceu no final do ano passado em Inglaterra. A cadeia de restaurantes Frankie & Benny’s testou uma iniciativa pioneira e arrancou largos elogios do público. Durante duas semanas, o espaço convidou os clientes a deixaram os telemóveis à entrada, numa caixa pensada para o efeito. Outro caso são os cafés e bares que recusam colocar rede wifi nos seus espaços. Nessa situação, os habituais cartazes a anunciar que possuem a tão desejada rede sem fios estão a ser substituídos por caricatos avisos: “Não, não temos wifi. Falem uns com os outros. Finjam que estamos em 1995“.

 

Em 2019, a palavra de ordem é YOMO e prevê-se que a procura por atividades fora dos ecrã aumente durante os próximos meses.

#Zerowaste

O consumo sustentável e o ataque ao desperdício continuam na mira dos consumidores em 2019. O aumento do comércio a granel nos últimos anos já previa este desfecho. Na verdade, a comunidade procura, cada vez mais, opções fora do radar mainstream e que gerem menos desperdício na cadeia da indústria. Este comportamento tem puxado os consumidores para as lojas locais, de forma a evitarem as grandes superfícies, onde existe maior percentagem de desperdício alimentar. Mas mesmo nos grandes supermercados, o comportamento de quem os visita mudou: privilegiam alimentos que não venham embalados, evitam os sacos de plástico e optam por colocar as etiquetas directamente nos alimentos. E, claro, o setor já reagiu e tem vindo a oferecer serviços mais ecológicos e sustentáveis aos clientes. O Pingo Doce, por exemplo, criou uma estação self-service onde os consumidores podem encher a sua garrafa de água por €0,18 cêntimos.  Uns meses mais tarde, o Continente anunciou a substituição dos seus sacos de plásticos por uns 80% mais sustentáveis e totalmente recicláveis.

Ainda na área do comércio, o boom das marcas 100% sustentáveis, como a Planetiers ou a Mind The Trash, que disponibilizam produtos exclusivamente ecológicos, não parece querer abrandar e ainda bem. Das escovas de dentes biodegradáveis aos discos de algodão orgânico reutilizáveis  passando pelas esponjas de cozinha 100% naturais e acabado nos chuveiros inteligentes que evitam o desperdício de água, a oferta de produtos destas ‘novas’ lojas é imensa.

Mas o movimento #zerowaste abraça ainda outras áreas. Na verdade, a celebre frase de Lavoisier nunca foi tão atual – “Nada se perde, tudo se transforma“. Os portugueses procuram, cada vez mais, métodos para reutilizar objetos usados, dando-lhes outra vida. Nas ruas, assiste-se ao aparecimento-relâmpago de lojas em segunda mão e as marcas começam a apostar no lançamento de coleções assentes na reutilização de materiais. A H&M é um bom exemplo disso. Já há alguns anos que a gigante sueca cria, a par da coleção habitual, a linha Conscious onde só têm lugar peças feitas com o desperdício dos fios de algodão, que sobram da indústria do retalho, ou de materiais reciclados.

From farm-to-table 

O comportamento dos consumidores à mesa mudou e a alimentação é uma das grandes tendências-chave de 2019. A guerra ao açúcar, a preocupação pela qualidade dos produtos que consomem e o privilégio por ‘real-food‘ tem estado na ordem do dia. Nesta nova Era alimentar, onde surgem cada vez mais doutrinas de inspiração, como o veganismo ou a dieta paleo, há um ponto-comum: desprezam-se os alimentos altamente processados, pouco interessantes nutricionalmente e carregados de ‘calorias brancas’ em beneficio de alimentos reais, frescos e que não exigem embalagem. A máxima farm-to-table espelha, na perfeição, a demanda do novo consumidor. Prefere alimentos sazonais, ignorando os fora de época, e, na impossibilidade de os cultivar, compra-os a produtores locais. O setor alimentar já reagiu e há cada vez mais marcas a apostar em versões saudáveis e menos industrializadas dos seus produtos. As opções sem açucar adicionado e sem aditivos têm inundado as prateleiras das grandes superfícies e a oferta de alimentos biológicos aumentou. Com o passar do tempo, surgem também restaurantes assentes nesta máxima, como é o caso do recente Season ou do conceituado Prado, ambos em Lisboa. Por isso, caso esteja a pensar reformular a sua forma de comer, 2019 é o ano ideal.

O ano do self-taught

Com a informação à (simples) distância de um click, as novas gerações revelam-se cada vez mais autodidatas e self-sufficient. Assiste-se à diminuição da procura por profissionais intermédios – como consultores de imagem, personal trainners ou nutricionistas – pelo facto dos consumidores acreditarem que conseguem alcançar os resultados que procuram sozinhos. Mas esta é uma tendência perigosa e preocupante. Na verdade, o acesso à informação imediata, como os milhares de mapas de treino, dietas-tipo ou esquemas de estilo que são partilhados nas redes sociais diariamente, não dispensam a opinião de um profissional especializado na área e acabam por induzir em erro quem os adopta de forma autónoma. Para travar esta tendência, nascem modelos alternativos às consultas/aconselhamentos tradicionais, para responder à procura dos consumidores por informação fidedigna no meio digital. Exemplo disso é o novo método da nutricionista Mariana Abecassis que, através da modalidade online, se compromete a acompanhar o cliente semanalmente via skype, prestando-lhe um serviço especializado e criterioso. Mas este não é um caso singular. Há cada vez mais empresas a migrar os seus serviços para o online, oferecendo opções acessíveis a quem os procura atrás de um ecrã.

 

 

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