“Governo desrespeitou quem trabalha”: Ventura muda de posição e já concorda com a greve geral

O presidente do Chega, André Ventura, culpou o Governo por arrastar o país para a greve geral. Em entrevista ao podcast “Política com Assinatura”, da Antena 1, o líder partidário considerou que o Governo “foi casmurro, teimoso e desrespeitou quem trabalha”. Esta posição, manifestada esta quinta-feira, contrasta em absoluto com as declarações de André Ventura há um mês, classificando-a como “um erro” e encostando a greve à “extrema esquerda”.

Sobre o pacote laboral que o Governo quer aprovar, o candidato à Presidência da República considera que Luís Montenegro “optou por uma espécie de linha liberal, que dá ideia a quem trabalha de que pode ser despedido a qualquer altura, que vai perder direitos e que só interessa quem manda e não quem trabalha, e isso é errado.

No entender de André Ventura, a greve é legítima e “existem razões para um descontentamento generalizado” mas manifesta alguma esperança de que o Governo “arrepie caminho e retire uma série de leis absurdas que aqui estão”.

A 9 de novembro, André Ventura criticou a greve geral qualificando-a como “um erro em que só a extrema-esquerda e os partidos a ela ligados conseguem ver qualquer benefício. “Nós não precisamos de greves gerais em Portugal nem de paralisações do país. Nós precisamos de trabalho, de respeito pelo trabalho”, defendeu na altura.

Recorde-se que, numa sondagem divulgada esta quarta-feira (feita pela Aximage para o Diário de Notícias), a maioria dos inquiridos disse concordar com a greve geral marcada para esta quinta-feira. Os números mais elevados de apoio vêm mais da direita: 67% dos apoiantes do Chega apoiam a greve, contrariando as críticas feitas por André Ventura.

A greve geral de 11 de dezembro foi convocada pela CGTP e pela UGT contra a proposta de revisão do Código do Trabalho e será a primeira paralisação conjunta das duas centrais desde junho de 2013, quando Portugal estava sob intervenção da ‘troika’.