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Governo libanês deve anunciar demissão em bloco em breve

O executivo do país, afetado pelas explosões de 2.750 toneladas de nitrato de amónio guardadas há seis anos no porto da sua capital, deverá apresentar a sua demissão em bloco, depois de dias de protestos nas ruas
  • REUTERS/ Mohamed Azakir
10 Agosto 2020, 16h39

O primeiro-ministro libanês deverá anunciar esta segunda-feira a sua demissão, bem como do restante executivo em bloco, avança a Reuters depois de falar com o Ministro da Saúde. A decisão surge depois da crescente contestação à classe política libanesa no rescaldo das explosões que destruíram o porto da cidade e boa parte das áreas circundantes.

Hassan Diab havia já prometido no fim-de-semana a realização de eleições antecipadas, depois de vários edifícios ministeriais terem sido ocupados por manifestantes que exigiam a queda da elite governativa libanesa, depois da tragédia da passada terça-feira. A Ministra da Informação, o Ministro do Ambiente e Desenvolvimento Administrativo e a Ministra da Justiça haviam já apresentado as suas demissões nas últimas 24 horas.

A Al Jazeera reporta que uma fonte próxima do governo libanês indica que “muitos ministros estão a ser pressionados por atores políticos poderosos para se demitirem, numa tentativa habitual de encobrir” a situação. No entanto, o PM libanês tem “forçado uma investigação às explosões no porto, que revelariam quem realmente beneficiou com o armazenamento tão longo dos explosivos no local”.

A mesma fonte diz à Al Jazeera que vários dos ministros se demitiam devido a oposição dos seus financiadores políticos, que serão desfavoráveis a uma auditoria forense ao banco central do Líbano. Tal auditoria “provaria finalmente a relação corrupta entre os governos anteriores, o banco central e os diretores dos maiores bancos libaneses, que despiu de ativos o Estado e os depositantes libaneses”. “O levantamento das leis de sigilo bancário para indivíduos envolvidos na investigação tem preocupado muitas pessoas com algo a esconder sobre os explosivos”, conclui a fonte.

O Líbano vivia já uma tensão económica, política e social, com a população a mostrar frequentemente o seu descontentamento com a corrupção generalizada e as fracas condições económicas, nomeadamente a inflação e dívida pública elevadas que colocam o país, altamente dependente do exterior, fragilizado. Antes das explosões, metade do povo libanês vivia já numa situação de pobreza.

O executivo liderado por Diab havia sido apontado em fevereiro, depois de protestos em larga escala que exigiam uma profunda reforma política no país. Seis meses passados, poucas são as alterações concretizadas.

Diab marcou uma declaração ao país às 19h30 locais (17h30 em Portugal Continental).

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