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Guterres na ONU: “É preciso que os países ricos ajudem os países pobres”

O secretário-geral da ONU escolheu as alterações climáticas e o combate à pandemia como os temas centrais das preocupações da organização que dirige – mas salientou que o auxílio dos ricos aos pobres é a primeira condição para a solução de todos os problemas.
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21 Setembro 2021, 14h44

Os países desenvolvidos têm de ajudar os países em desenvolvimento […] não esperem que os outros façam o que têm de fazer”, disse António Guterres na 76ª Assembleia Geral da ONU, esta tarde, 21 de setembro, em Nova Iorque. Guterres falava da “emergência planetária que é a transformação climática”, mas não só: também na questão da pandemia, o secretário-geral da ONU apelou ao envolvimento dos países ricos com o auxílio aos mais pobres.

Numa intervenção principalmente preocupada com estas diferenças abismais entre os ricos e os pobres, Guterres estendeu o pedido de auxílio de uns aos outros ao combate à pandemia e à produção de vacinas.

Numa intervenção veemente, Guterres deixou também uma palavra às questões de género: “Temos de adotar um plano de emergência para o combate à violência de género”, afirmou, para a caraterizar como um atentado aos direitos mais básicos das mulheres. Sem se referir em particular a nenhum país específico, Guterres afirmou que a intervenção necessária neste segmento deve também observar as oportunidades que as mulheres não têm ao nível do emprego, mas mais genericamente na economia.

Guterres falou também de um dos perigos mais claros dos tempos modernos: a digitalização. “Metade da humanidade não tem acesso à internet”, recordou, para logo de seguida afirmar que “um dos perigos que enfrentamos é a utilização da informação para fins nefastos”. “Sabemos que está a ser utilizada para fins comerciais, para aumentarem ainda mais os lucros”, mas também “para manipular as nossas opiniões e as nossas convicções”, num quadro em que é a “própria democracia” que fica em perigo.

Sendo isto claro do seu ponto de vista, Guterres afirmou que é preciso um quadro jurídico que “regulamente estas tecnologias para devolver a esperança” numa democracia madura e sem ataques que possam ferir a sua essência. Mas não se mostrou muito otimista. Recordando que as armas atuais precisam cada vez menos da intervenção humana para exercer a sua letalidade, o secretário-geral apelou ao que pareceu ser o desarmamento – por via do digital.

Numa intervenção que tinha por finalidade estabelecer as diretivas para os trabalhos que a 76ª assembleia geral levará a cabo nos próximos meses, Guterres não se esqueceu de referir “o fosso entre gerações” como um problema central da humanidade, que não só deixa os mais velhos esquecidos num limbo de solidão, mas não mune as gerações mais jovens de todo o material necessário para compreender o mundo em que vive, ou sobrevive.

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, intervirá na sessão durante a tarde – sendo o sétimo interveniente escalonado para a tarde de hoje. Nos dias anteriores – Marcelo chegou a Nova Iorque no sábado passado juntamente com o ministro Augusto santos Silva – Rebelo de Sousa preocupou-se em confirmar o seu total alinhamento com o pensamento de António Guterres.

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