O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou hoje em Lisboa o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo xiita Hezbollah no Líbano como “um raio de luz de esperança”, que espera ver replicado na Faixa de Gaza.
“Ontem [terça-feira], recebi em Portugal um sinal auspicioso, diria o primeiro raio de luz de esperança em relação à paz no meio da escuridão dos últimos meses”, afirmou Guterres, em declarações à imprensa após um encontro com o primeiro-ministro, Luís Montenegro.
O secretário-geral da ONU considerou que se trata de um “momento de grande importância”, sobretudo para os civis, que “pagavam um preço enorme pelo facto de este conflito se estar não só a arrastar, como a ganhar dimensões cada vez mais preocupantes”.
Guterres advertiu que agora “é essencial que aqueles que assinaram um compromisso de cessar-fogo o respeitem integralmente” e que este acordo “abra caminho a uma solução política” para a crise libanesa, que perdura há quase 14 meses.
Nesse sentido, disse que podia garantir que a força internacional de paz da ONU (FINUL), estacionada no sul do Líbano desde 1978, “está neste momento preparada para dar o seu contributo para a verificação deste cessar-fogo com total empenhamento”.
Ao mesmo tempo, o antigo primeiro-ministro português apelou para a extensão do acordo a outras regiões do Médio Oriente e pediu um cessar-fogo imediato entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, bem com a libertação incondicional dos reféns em posse do grupo islamita palestiniano e abertura da ajuda humanitária sem restrições aos habitantes do território.
“A população de Gaza tem sofrido de uma forma que eu não me recordo em nenhum outro momento do meu mandato”, observou Guterres, sugerindo também que um acordo de cessar-fogo seja “a base para a construção de uma solução baseada em dois estados”.
Do mesmo modo, fez um apelo para o silêncio das armas noutros conflitos, referindo-se em concreto à Ucrânia, mas com a ressalva de que terá de ser “uma paz justa, com respeito pela Carta das Nações Unidas, do Direito Internacional e da integridade territorial” do país invadido pela Rússia em fevereiro de 2022.
A trégua de 60 dias no Líbano entrou em vigor às 04:00 de hoje locais (02:00 em Lisboa), após mais de um ano de combates entre o grupo pró-iraniano Hezbollah e Israel, que se intensificaram em setembro passado.
O acordo prevê uma retirada gradual do grupo xiita libanês Hezbollah e das tropas israelitas do sul e o envio do exército libanês para a fronteira.
Ao abrigo do acordo, os membros do Hezbollah devem retirar-se para norte do rio Litani e os Estados Unidos e a França trabalharão para que até 10.000 soldados libaneses sejam destacados para o sul do país “o mais rapidamente possível”, segundo o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati.
Segundo o Ministério da Saúde Publica libanês, mais de 3,7 mil pessoas morreram no país desde outubro de 2023, a maioria nos últimos dois meses, e acima de 1,2 milhões de habitantes estão deslocados.
Do lado israelita, 82 militares e 47 civis foram mortos em quase 14 meses de hostilidades.
O Hezbollah começou a bombardear Israel a partir do sul do Líbano para apoiar o grupo extremista palestiniano Hamas, que atacou território israelita em 07 outubro de 2023 e enfrenta, desde então, uma ofensiva israelita em Gaza.
Em setembro, Israel intensificou o bombardeamento do Líbano, a que se seguiu uma invasão do sul do país vizinho.
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