O processo de transição energética é fundamental para o reforço da competitividade das empresas, exigindo investimentos significativos. O financiamento bancário, a par do mercado de capitais, ganha, por isso, relevância. No entanto, realça Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), há um “apertar” dos critérios de concessão nas empresas, sobretudo em empréstimos de longo prazo, “onde se incluirá grande parte da tipologia de investimento associada à transição energética”.
O tema da sustentabilidade já faz parte das preocupações das empresas?
Sem dúvida que sim. A preocupação das empresas com critérios de sustentabilidade “ESG” está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e vai de encontro às exigências colocadas pelos consumidores, que valorizam bens e serviços com impacto positivo no meio ambiente e na sociedade.
Qual a importância da sustentabilidade em termos de obtenção de financiamento bancário e de captação de investimento nos mercados de capitais?
Hoje, quando falamos de transição energética não estamos a pensar em algo utópico, para um futuro ainda longínquo, mas antes em algo de caráter imperativo, para ser efetuado a curto prazo. O processo de transição energética é fundamental para o reforço da competitividade das nossas empresas e desejavelmente deve ter condições para que possa ser implementado e consolidado com sucesso pelo tecido empresarial. Por ser uma ambição que requer investimentos significativos, a questão do financiamento é crucial, quer pela via do crédito bancário, quer do mercado de capitais. Importa ainda realçar o importante papel das políticas públicas no estímulo à realização de tais investimentos, nomeadamente pela via do apoio dos fundos europeus.
As empresas estão a conseguir obter o financiamento necessário para fazerem a transição energética?
No que diz respeito ao financiamento bancário, os resultados do mais recente inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, divulgados pelo Banco de Portugal, dão conta de critérios de concessão de crédito nas empresas ligeiramente mais restritivos, sobretudo em empréstimos de longo prazo, onde se incluirá grande parte da tipologia de investimento associada à transição energética. Por outro lado, não está ainda em funcionamento o Portugal 2030, que constituirá certamente uma importante fonte para a realização deste tipo de investimento.
Cumprindo os critérios ESG, o financiamento é mais vantajoso? Quem não cumpre pode ser penalizado e ter dificuldade em obter crédito?
Cada vez mais, na tomada das decisões de investimento por parte das empresas e, também, da concessão de financiamento por parte das entidades financiadoras, estão incorporadas preocupações por fatores ambientais, sociais e de governança corporativa. Neste âmbito, há uma maior sensibilização da banca em matéria de financiamento sustentável, com vista a financiar as empresas que privilegiem fatores Ambientais, Sociais e de Governance na sua estratégia e/ou nos seus investimentos, o que por sua vez permite criar e compartilhar valor para os seus acionistas e para todos os seus stakeholders.
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