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“Idadismo pode constituir obstáculo à retenção de talento”, aponta estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos

O estudo “Compreender o idadismo em relação aos trabalhadores mais jovens e mais velhos”, publicado pela FFMS a propósito do Dia Internacional da Juventude, alerta que o idadismo, especialmente o direcionado aos trabalhadores mais jovens, ainda é pouco estudado.
12 Agosto 2024, 00h02

A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) apresenta, esta segunda-feira, por ocasião do Dia Internacional da Juventude, um estudo sobre o idadismo no contexto laboral, segundo o qual a discriminação no local de trabalho “pode constituir um obstáculo à retenção de talento”.

Coordenado por David Patient, professor catedrático de Liderança na Vlerick Business School (Bélgica), o estudo “Compreender o idadismo em relação aos trabalhadores mais jovens e mais velhos” alerta que o idadismo, especialmente o direcionado aos trabalhadores mais jovens, ainda é pouco estudado.

De acordo com o relatório, apesar dos testemunhos relativamente baixos de discriminação com base na idade em Portugal, 33,5% dos inquiridos denunciam níveis moderados e elevados deste tipo de discriminação.

“Os mais jovens (18-35 anos) referiram os níveis mais elevados de perceção de discriminação: 42,3% referiram níveis moderados ou elevados, por comparação com 28,6% dos trabalhadores de meia-idade e 25,6% dos trabalhadores mais velhos”, apurou a FFMS.

Para os trabalhadores mais jovens, esta discriminação é observada em todas as fases do emprego, atravessando o recrutamento, promoção e despedimento.

De acordo com o documento, que analisa a natureza bidirecional dos enviesamentos etários, a lista de estereótipos em relação aos trabalhadores mais jovens incluem “descrições como sendo pessoas pouco empenhadas, com pouca ética de trabalho, arrogantes e argumentativas (negativos), mas também orientadas para objetivos, conhecedoras de tecnologia, inovadoras, ansiosas e inteligentes (positivos). Além destes, há a generalização de que os jovens devem aceitar um estatuto inferior na organização e não desafiar a hierarquia ou o status quo. A compreensão dos estereótipos é uma parte importante dos programas de sensibilização nas organizações”, refere o documento.

Quanto às consequências do idadismo – outra das questões levantas pelo estudo – este tipo de discriminação pode representar, para os trabalhadores mais velhos, um entrave à retenção de talento e ao “pleno aproveitamento” e, assim, à reforma antecipada, e, para os mais novos, “pode levar a que não se sintam valorizados, que sejam considerados menos competentes, que tenham menos oportunidades de desenvolvimento, bem como que tenham salários mais baixos e menos acesso a benefícios, e que sofram perturbações no equilíbrio entre vida profissional e privada”.

Conflitos interpessoais no local de trabalho, menor satisfação no trabalho e desejo de abandonar a organização, bem como o aumento dos níveis de stress, pior saúde mental e física em todos os grupos etários figuram também na lista de consequências elencadas pelo estudo.

Ainda segundo o documento, os “estereótipos são mais suscetíveis de serem subscritos por trabalhadores de meia-idade e, sobretudo, mais velhos e por trabalhadores com opiniões ligadas ao espectro ideológico da direita conservadora”. Ainda sobre o perfil dos comportamentos idadistas em relação aos trabalhadores mais jovens, a dimensão, o sector de atividade e a localização das organizações não afetaram o idadismo no local de trabalho e os trabalhadores de organizações com uma cultura mais flexível e moderna reportaram menos discriminação em função da idade.

“Curiosamente, nem o género nem o nível de educação afetou significativamente o sentimento de discriminação com base na idade”, acrescenta o documento.

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