“Embora a Reserva Federal (FED) tenha feito uma pausa no aumento das taxas de juro, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco de Inglaterra (BoE) não deixam dúvidas: a luta contra a inflação ainda não acabou”, alerta a Allianz Global Investors num research assinado por Hans-Jorg Naumer. Um caminho sem alternativa, como pode ver-se pelo facto de “até o Banco Central da Turquia, que até agora tinha seguido o seu próprio caminho na luta contra a inflação, ter aumentado as taxas de juro”.
Esta espécie de “grande reajuste” da economia mundial está em curso, e os desequilíbrios “estão a ser refletidos primeiro nos preços. É por isso que é ainda mais importante que as autoridades monetárias sejam claras (nas palavras e nas ações) e tentem reduzir as expectativas relativas à inflação”, diz – como se respondesse às críticas interna de que Christine Lagarde foi alvo quando passou por Lisboa na passada semana.
Para o analista, “não é provável que a Fed permaneça inativa por muito tempo. Tudo indica que esta pausa teve o intuito de não agitar ainda mais um mercado já perturbado pelos problemas dos bancos regionais dos EUA”.
Por outro lado, antecipa no analista, “não parece provável que a inflação regresse à meta de 2% estabelecida pelo BCE num futuro próximo. Também aqui. As elevadas taxas de inflação demoram muito tempo a cair para níveis baixos. Uma análise da consultora (à inflação do G7 e de algumas economias emergentes desde 1971) permite chegar à conclusão que “dois anos após o pico ter sido ultrapassado, a inflação ainda se situava, em média, a metade do nível máximo. Após cinco anos, tinha descido para pouco mais de um terço”.
Neste quadro, a consultora deixa uma série de indicações aos investidores. “Manter o poder de compra torna-se o primeiro e mais importante objetivo de investimento. As classes de ativos que esperam rentabilidades reais positivas em caso de uma inflação mais elevada devem ter uma maior ponderação na orientação estratégica/a longo prazo”.
Neste contexto, “é notória a falta de amplitude de mercado nos mercados acionistas. Os ganhos das últimas semanas foram impulsionados por um pequeno grupo de ações. O sector tecnológico dominou a atividade do mercado. Simultaneamente, o mercado parece não ter confiança em si próprio”.
Tudo pode piorar se, até ao final do ano, se verificar uma recessão nos Estados Unidos: “não está fora de questão”. E deixa um conselho: “embora as perspetivas de crescimento devam continuar a ser um entrave para os mercados acionistas, é provável que as obrigações soberanas beneficiem da conjuntura”. E mais outro: os investidores devem levar em consideração que o quadro geral que impacta os investimentos está a mudar substancialmente (apedar das aparências). Os quatro novos pilares são estes: demografia, digitalização, descarbonização e desglobalização.
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