Impacto do Brexit no comércio luso-britânico gerou perdas de 250 milhões, abaixo das expetativas

“O valor do comércio de serviços de Portugal para o Reino Unido aumentou desde a viragem do século, atingindo um terço do total das exportações para este país. O Reino Unido é o destino mais importante das exportações de serviços, enquanto o comércio de bens luso-britânico tem vindo a diminuir lentamente”, revela um estudo da autoria de Laszlo Tetenyi e com a chancela do Banco de Portugal.

O quadro geral é o Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, que “perturbou as relações económicas existentes e ainda hoje se faz sentir o seu impacto. Para uma economia aberta como Portugal, as perturbações no comércio internacional poderiam ter graves consequências, diminuir o acesso a bens essenciais e colocar em risco a estabilidade macroeconómica e o crescimento”.

Após 2016, o declínio do comércio de bens entre estes países acelerou, “especialmente para as exportações, enquanto o comércio de serviços aumentou. Em termos gerais, as exportações e importações teriam sido mais elevadas sem o Brexit, com algum efeito de antecipação nas importações de bens e serviços”. Além disso, salienta o analista, a balança comercial de bens positiva com o Reino Unido teria sido menos positiva.

Assim, “as perdas decorrentes do Brexit correspondem a menos de 0,1% do produto. “Adicionalmente, o número de empresas portuguesas que importa ou exporta bens do Reino Unido diminuiu, o que torna improvável uma recuperação para níveis anteriores ao Brexit”.

No caso das empresas que exportam para o Reino Unido, “o Brexit provocou uma diminuição significativa das vendas e a saída do mercado do Reino Unido após 2016 teve um impacto positivo no crescimento do capital e da contratação de pessoal”.

Neste quadro, a análise dos resultados “sugere um impacto limitado do Brexit devido às barreiras ao comércio, apesar de uma diminuição substancial das importações provenientes do Reino Unido, estimando-se que, no máximo, se registe uma perda permanente de produto de 0,1% (cerca de 250 milhões de euros) para a economia portuguesa em 2021.