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“Há um novo xerife na cidade”. Rival de Trump tornou-se no pior inimigo da Disney na Florida

Tudo começou com críticas do CEO da Disney às crenças de Ron DeSanctis, governador do estado da Florida, território onde o parque Walt Disney World Resort funciona como uma espécie de estado à parte. Estado de exceção pode ter os dias contados, sendo que este parque temático vale 14% da faturação anual da multinacional.
5 Março 2023, 21h00

A Walt Disney abriu uma guerra com o governador da Florida, Ron DeSantis, sem sequer a pedir. Como retaliação, aquele que muitos apontam como o maior rival de Donald Trump à nomeação republicana para candidato à Casa Branca, decidiu implementar um projeto-lei que retira o controlo da Disney do parque Walt Disney World Resort no estado da Florida.

Há anos que o Reedy Creek Improvement District é um distrito autónomo gerido pelo e para o parque temático, mas na sexta-feira passada ficou decidido o fim do controlo da Disney World do terreno onde este enorme empreendimento foi edificado. Este distrito abrange uma imponente área de cerca de 100 quilómetros quadrados.

Agora, a área passa a estar sob a alçada de um conselho composto por cinco membros escolhidos a dedo por Ron DeSantis. Este comité passa a ter o controlo de assuntos relacionados com infraestruturas, construções, novas contratações e impostos. Assim, o ‘imposto Mickey’ pode estar a chegar às contas da Disney.

“Hoje o reino corporativo chega finalmente ao fim. Há um novo xerife na cidade, e a responsabilização estará a ordem do dia”, apontou o governador quando a lei foi aprovada pelo município de Orlando.

A Disney comprou uma guerra com DeSantis depois de criticar as políticas anti-LGBT+ de uma das figuras em ascensão do Partido Republicano. Bob Chapek, CEO da Disney, defendeu que as crenças do governador “nunca deveriam ter sido aprovadas” e as declarações não passaram despercebidas, tendo DeSantis esperado alguns meses para retaliar.

O governador da Florida aprovou uma lei que restringia o ensino de temas como a orientação sexual e identidade de género em escolas do ensino básico sem autorização prévia dos pais. Após estas declarações, a Disney cortou mesmo o apoio e donativos políticos que realizava ao município.

A Disney iniciou a compra de terras para o parque temático na Florida em 1965, depois do sucesso com o parque na Califórnia. Com a ajuda de vários advogados, a empresa de Walt Disney adquiriu 11 mil hectares por cinco milhões de dólares à altura, um valor que alguns analistas classificaram como muito abaixo do preço de mercado.

Com a aquisição do terreno, a Disney solicitou um distrito especial à Florida, algo que permitiria controlar as licenças de construção, esgotos e estradas, ou seja, tudo o que é do encargo municipal. Com sucesso, o Reedy Creek foi criado em 1967. Com isto, a empresa consegue ter o seu próprio serviço de água, combate a incêndios e serviços de emergência.

Só este parque representa 14% da receita anual da Disney, resultado que ascende a dois mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros). Quando a Disney chegou à Florida, o estado era composto por pântanos, e atualmente a Florida é considerada uma potência económica no país e um destino turístico, além de uma fonte de rendimento para os 62 mil funcionários que emprega.

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