O interior e a sua desertificação são uma realidade que está distante das preocupações centrais do main stream político e dos grandes centros de decisão. De algum modo, a ideia serve para sumariar a intervenção de José Manuel Brito, diretor do Jornal Porta da Estrela, de Liliana Carona, diretora do Notícias de Gouveia e de Luis Baptista-Martins, diretor d’O Interior, no âmbito do seminário ‘Inovação como estímulo para o desenvolvimento da Região Centro’, terceira conferência do Ciclo Portugal Inteiro, organizada pelo Jornal Económico e pela Altice.
É nesse quadro que se percebe a importância, que não se esvazia, dos meios de informação que às vezes teimosamente insistem em ficar no deserto. “Os jornalistas da imprensa regional estão nesse deserto”, referiu Liliana Carona – para explicar que “há um desinvestimento no jornalismo regional, a par de uma enorme precariedade” que em todos os aspetos não auguram nada de bom. “O que é feito em termos regionais” não é notícia.
Para Luís Baptista-Martins, o problema da imprensa regional é de algum modo a sua falta de expansão nacional – mas apenas isso: a importância da imprensa regional e, em termos precisamente regionais, de enorme importância. “Todos os jornais regionais têm contribuído” para que a vida no interior ainda seja algo que é possível manter no capítulo das hipóteses viáveis.
Claro que, “todos os dias temos de inventar soluções para sobrevivermos, para continuamos a ser a memória do povo”, disse Baptista-Martins.
“As quebras de receitas em termos de publicidade, que se associa ao facto de os Estado ser o primeiro incumpridor” são um imenso muro de dificuldade com que a imprensa regional se debate, disse, por seu turno, José Manuel Brito. A isso se junta a dimensão do mercado de banca, cada vez mais pequeno face à indiferença dos jovens em relação a esse instrumento de conhecimento.
O Notícias de Gouveia, ligado a uma IPSS consegue, apesar de tudo, estar num lugar à parte, mais defendido das asperezas do mercado. Mas “o principal problema é a questão das redações, onde o capital humano” é muito parco, disse Liliana Carona.
“Quanto mais pobres forem os jornais, mais pobre será a democracia”, disse Luís Baptista-Martins. “Mas não queremos esmolas”, até porque “fazemos trabalho todos os dias”. Não sendo uma ‘migalha’, José Manuel Brito considerou que “o regresso do porte pago era de qualquer maneira uma ajuda que valeria a pena”. Linhas de crédito bonificadas, a redução em sede do IRC como uma espécie descriminação positiva, seriam duas outras áreas onde seria possível haver mexidas.
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