“O Governo tomou conhecimento da situação crítica em que se encontrava a Inapa, na sequência da decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) de suspender as ações da empresa, no passado dia 11 de julho”, diz o Ministério das Finanças, quando questionado pelo Jornal Económico.
Numa nota enviada por escrito o Ministério das Finanças que tutela a Parpública, acionista da Inapa com 44,89%, disse que a proposta da Inapa de pedido de uma injeção de 12 milhões de euros “não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”.
O Ministério liderado por Joaquim Miranda Sarmento garantiu que “o Governo irá acompanhar o processo de insolvência”.
O Ministério das Finanças descreve o processo de pedido e rejeição do financiamento da Inapa que originou o comunicado de domingo à noite a dizer que vai declarar insolvência “nos próximos dias”. O Ministro diz que “após a divulgação dessas notícias, e por sua iniciativa, o Governo convocou a Parpública, responsável pela gestão da posição acionista do Estado na Inapa, para uma reunião, onde lhe foi transmitido que a Inapa havia solicitado uma injeção de 12 milhões de euros no imediato, para fazer face a necessidades de tesouraria da sua participada na Alemanha, quando estaria já em análise um outro pedido de 15 milhões de euros para reestruturar a empresa”.
“De imediato, o Governo solicitou à Parpública, à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e à Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM) que se pronunciassem sobre esta operação, tendo as três entidades concluído que a proposta não reunia condições sólidas, nem demonstrava a viabilidade económica e financeira que garantisse o ressarcimento do Estado”, revela o Ministério.
Adianta o Governo que “considerando os pareceres negativos a este financiamento, que a Inapa não apresentou qualquer estratégia de recuperação, que a Parpública é detentora de 45% da Inapa mas não é acionista maioritária, que a Inapa é uma empresa privada, não tendo uma atividade considerada como estratégica para a economia portuguesa; o Ministério das Finanças confirmou o parecer da Parpública de não avançar com as operações de financiamento solicitadas pela Inapa”.
A administração da Inapa IPG anunciou que desenvolveu esforços junto de credores e acionistas – em particular a Parpública, que detém cerca de 45% do capital da Inapa – mas não foi possível suprir a falta de liquidez.
A Parpública, com 44,89%, a Nova Expressão, com 11%, e o Novobanco, que detém 6,55%, receberam um pedido de ajuda da Inapa. De acordo com uma carta enviada pela companhia ao secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, a Inapa podia ter sido salva por um empréstimo de 12 milhões de euros, que seria contraído pela empresa junto dos seus principais acionistas.
Já hoje, o Ministro da Economia disse que era importante “assegurar proteção do dinheiro dos contribuintes”.
A Inapa – Investimentos, Participações e Gestão, comunicou este domingo ao mercado que em virtude de uma carência de tesouraria de curto prazo da sua subsidiária Inapa Deutschland, GmbH em montante de 12 milhões de euros, “para a qual não se encontrou solução de financiamento no prazo estabelecido de acordo com a lei alemã, pese embora todos os esforços atempadamente desenvolvidos pela administração da Inapa junto de credores e dos acionistas, em especial junto do seu maior acionista detentor de cerca de 45% do capital social, a Parpública – Participações Públicas (SGPS), será a Inapa Deutschland apresentada à insolvência no dia 22 de julho”.
“Atentos os impactos imediatos que a apresentação à insolvência da Inapa Deutschland terá na Inapa IPG, o Conselho de Administração da Inapa IPG reuniu e analisou a sua situação financeira, tendo concluído pela consequente e eminente insolvência da Inapa IPG, pelo que deliberou também apresentar a Inapa IPG à insolvência nos termos da lei portuguesa, o que será formalizado nos próximos dias”, conclui a empresa
A empresa papeleira tem entre 1.400 e 1.500 trabalhadores e está em 10 países.
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