O presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe disse hoje à agência Lusa que os prejuízos causados pelos incêndios são de “muitos milhões” de euros, sem contar os danos ambientais, flora e fauna.
Carlos Santos adiantou que os danos contabilizados são “ainda preliminares”, mas a atualização mais recente indica que “ardeu 75% do concelho” de Sernancelhe, “mais de 17.000 hectares” de soutos, pinhais e árvores de fruto, como olivais e pomares, e vinhas.
Também no setor agrícola foram “para cima de 300 colmeias que arderam, além de animais mortos, como ovelhas, cabras e alguns cães desaparecidos”.
No setor empresarial, “ardeu um aviário totalmente, carpintaria, stand de abate de carros, stand de carros e parte de uma empresa de caixilharias e alumínios”.
Sobre o valor total dos prejuízos, Carlos Santos reconheceu que “é difícil” calcular, até porque “arderam 25 armazéns agrícolas” e áreas de cultivo que não têm o valor contabilizado como as empresas.
“Além da questão das árvores e não falando no total da perda ecológica, ou naquilo que por muitos e muitos anos vamos ter no nosso concelho, na parte ecológica e na natureza, mesmo na questão das espécies, da fauna e da flora que temos”, disse.
E do que é possível contabilizar, assumiu que “é difícil apontar um valor, mas, seguramente, são muitos, muitos, muitos milhões” de euros.
“Não lhe sei dizer”, reconheceu.
Carlos Santos indicou ainda que há outras preocupações ambientais necessárias para preservar a albufeira da Barragem de Vilar que abastece três concelhos: Sernancelhe, Moimenta da Beira e Tabuaço, todos no distrito de Viseu.
“Há uma contaminação das águas que nós agora estamos a trabalhar”, adiantou e, após reunião na quarta-feira com as entidades responsáveis, vão “começar hoje a criar umas bacias de retenção e filtros para que as cinzas das respetivas encostas e linhas de água não contaminem” a albufeira da Barragem de Vilar.
O fogo que chegou a Sernancelhe teve origem em dois incêndios – um que deflagrou no dia 13 em Sátão (distrito de Viseu) e outro no dia 09 em Trancoso (distrito da Guarda), e que no dia 15 se tornou num só, afetando num total 11 municípios dos dois distritos.
Sátão, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Penedono e São João da Pesqueira (distrito de Viseu); e Aguiar da Beira, Trancoso, Fornos de Algodres, Mêda, Celorico da Beira e Vila Nova de Foz Côa (distrito da Guarda) foram os concelhos atingidos.
Esse incêndio entrou em resolução pelas 22:00 de dia 17.
Portugal continental foi afetado por múltiplos incêndios rurais de grande dimensão em julho e agosto, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Os fogos provocaram quatro mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Segundo dados oficiais provisórios, até 23 de agosto arderam cerca de 250 mil hectares no país, mais de 57 mil dos quais só no incêndio que teve início em Arganil.
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