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Intrum revela que 23% dos gestores portugueses admite risco de falência nos próximos dois anos sem mais crescimento económico

Cerca de 400 mil empresas em Portugal assumem assim que existe um risco real de encerrar atividade nos próximos dois anos caso a incerteza económica se mantenha, afetando gravemente o planeamento, o investimento e o crescimento, revela o estudo European Payment Report Portugal 2025.
20 Maio 2025, 11h34

O estudo European Payment Report Portugal 2025, da Intrum, líder europeia em gestão de crédito e serviços financeiros, revela que os atrasos nos pagamentos e a incerteza política e económica ameaçam as empresas portuguesas.

O estudo mostra que 23% dos gestores executivos portugueses admite que a sua empresa poderá não sobreviver aos próximos dois anos se o crescimento da economia não evoluir positivamente. Este número acompanha a média europeia (23%) e evidencia um risco significativo no tecido empresarial nacional, especialmente entre as pequenas e médias empresas (PME), onde o risco de sobrevivência sobe para 29% – quase o triplo do verificado nas grandes empresas (11%).

A Intrum fala “num contexto marcado pela incerteza política e instabilidade económica” onde cerca de 400 mil empresas em Portugal assumem que existe um risco real de encerrar atividade nos próximos dois anos caso a incerteza económica se mantenha, afetando gravemente o planeamento, o investimento e o crescimento, revela o estudo European Payment Report Portugal 2025.

O EPR 2025 Portugal indica que as implicações para o mercado de trabalho são significativas, já que mais de 1,1 milhões de empregos em Portugal estão em risco, dos quais mais de um milhão nas PME e cerca de 120 mil em grandes empresas.

Entre os fatores mais críticos está o problema persistente dos atrasos nos pagamentos. As PME, com margens mais estreitas e menor resistência financeira, são especialmente afetadas.

“Os atrasos no pagamento por parte dos clientes comprometem o fluxo de caixa, reduzem a liquidez e limitam a capacidade de investir, pagar salários e cumprir obrigações financeiras. Esta pressão surge numa altura em que a Europa conta fortemente com as empresas – sobretudo as PME – para impulsionarem a inovação, gerarem emprego e responderem aos desafios colocados pela instabilidade geopolítica e pelas disrupções nas cadeias de abastecimento globais”, refere a Intrum.

Segundo Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal, “este é um sinal de alerta claro para decisores políticos e económicos. Os atrasos nos pagamentos, a incerteza económica e política e a quebra na procura poderão pressionar fortemente a tesouraria das empresas, colocando em risco não só negócios, mas também milhares de postos de trabalho”.

Em Portugal, as empresas estimam que, em média, 10,6% das suas receitas são pagas com atraso – o valor mais baixo entre todos os países analisados no estudo, o que demonstra um desempenho relativamente positivo. No entanto, apesar deste bom resultado, a persistência dos atrasos continua a ser uma preocupação para os decisores, que ponderam adotar uma postura mais firme sobre o tema.

A Intrum diz que para mitigar este problema, muitas empresas estão a atualizar os seus sistemas de cobrança, a capacitar as equipas de contacto com clientes e a investir em análise de dados – esforços que visam encurtar os prazos de pagamento e reduzir a disparidade entre o vencimento e o recebimento.

O EPR 2025 Portugal revela uma melhoria gradual na percepção do risco de atrasos ou incumprimento por parte dos clientes, nos últimos cinco anos. Em 2021, 65% das empresas antecipavam um aumento deste risco, valor que desceu para 50% em 2025, refletindo uma redução de 15 pontos percentuais. Por outro lado, as expectativas de diminuição do risco mais que duplicaram, passando de 12% em 2021 para 26% em 2025.

Nota-se uma tendência de estabilização em 2025, com 24% das empresas a preverem que a situação se mantenha inalterada – um valor que supera a média histórica. Esta evolução sugere que as medidas implementadas pelas empresas, como a adoção de tecnologias de gestão de crédito e políticas mais rigorosas, começaram a surtir efeito, especialmente a partir de 2023.

Com base nas respostas aos inquéritos, 29% das PME e 11% das grandes empresas afirmaram que poderiam cessar a sua atividade no prazo de dois anos se as condições económicas não melhorassem.  A Intrum diz que a aplicação destes números aos dados mais recentes sobre a população empresarial do Eurostat e do Governo do Reino Unido sugere que cerca de 9,8 milhões de empresas em toda a Europa poderão estar em risco. Tendo em conta a dimensão da empresa e os níveis médios de emprego, estima-se que estas empresas empreguem cerca de 40,6 milhões de pessoas, sendo que o cálculo não inclui a criação de novas empresas, que foi em média de 11%na UE em 2022.

O European Payment Report 2025 foi publicado em abril de 2025 e fornece insights sobre tendências e comportamentos de pagamento, incluindo pagamentos em atraso, práticas de pagamento de faturas e risco financeiro geral das empresas europeias. A análise baseia-se nas respostas obtidas até fevereiro de 2025, de 9.150 executivos em 25 países, incluindo 240 em Portugal, de cerca de 15 setores de atividade.

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