O estudo European Payment Report Portugal 2025, da Intrum, líder europeia em gestão de crédito e serviços financeiros, revela que os atrasos nos pagamentos e a incerteza política e económica ameaçam as empresas portuguesas.
O estudo mostra que 23% dos gestores executivos portugueses admite que a sua empresa poderá não sobreviver aos próximos dois anos se o crescimento da economia não evoluir positivamente. Este número acompanha a média europeia (23%) e evidencia um risco significativo no tecido empresarial nacional, especialmente entre as pequenas e médias empresas (PME), onde o risco de sobrevivência sobe para 29% – quase o triplo do verificado nas grandes empresas (11%).
A Intrum fala “num contexto marcado pela incerteza política e instabilidade económica” onde cerca de 400 mil empresas em Portugal assumem que existe um risco real de encerrar atividade nos próximos dois anos caso a incerteza económica se mantenha, afetando gravemente o planeamento, o investimento e o crescimento, revela o estudo European Payment Report Portugal 2025.
O EPR 2025 Portugal indica que as implicações para o mercado de trabalho são significativas, já que mais de 1,1 milhões de empregos em Portugal estão em risco, dos quais mais de um milhão nas PME e cerca de 120 mil em grandes empresas.
Entre os fatores mais críticos está o problema persistente dos atrasos nos pagamentos. As PME, com margens mais estreitas e menor resistência financeira, são especialmente afetadas.
“Os atrasos no pagamento por parte dos clientes comprometem o fluxo de caixa, reduzem a liquidez e limitam a capacidade de investir, pagar salários e cumprir obrigações financeiras. Esta pressão surge numa altura em que a Europa conta fortemente com as empresas – sobretudo as PME – para impulsionarem a inovação, gerarem emprego e responderem aos desafios colocados pela instabilidade geopolítica e pelas disrupções nas cadeias de abastecimento globais”, refere a Intrum.
Segundo Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal, “este é um sinal de alerta claro para decisores políticos e económicos. Os atrasos nos pagamentos, a incerteza económica e política e a quebra na procura poderão pressionar fortemente a tesouraria das empresas, colocando em risco não só negócios, mas também milhares de postos de trabalho”.
Em Portugal, as empresas estimam que, em média, 10,6% das suas receitas são pagas com atraso – o valor mais baixo entre todos os países analisados no estudo, o que demonstra um desempenho relativamente positivo. No entanto, apesar deste bom resultado, a persistência dos atrasos continua a ser uma preocupação para os decisores, que ponderam adotar uma postura mais firme sobre o tema.
A Intrum diz que para mitigar este problema, muitas empresas estão a atualizar os seus sistemas de cobrança, a capacitar as equipas de contacto com clientes e a investir em análise de dados – esforços que visam encurtar os prazos de pagamento e reduzir a disparidade entre o vencimento e o recebimento.
O EPR 2025 Portugal revela uma melhoria gradual na percepção do risco de atrasos ou incumprimento por parte dos clientes, nos últimos cinco anos. Em 2021, 65% das empresas antecipavam um aumento deste risco, valor que desceu para 50% em 2025, refletindo uma redução de 15 pontos percentuais. Por outro lado, as expectativas de diminuição do risco mais que duplicaram, passando de 12% em 2021 para 26% em 2025.
Nota-se uma tendência de estabilização em 2025, com 24% das empresas a preverem que a situação se mantenha inalterada – um valor que supera a média histórica. Esta evolução sugere que as medidas implementadas pelas empresas, como a adoção de tecnologias de gestão de crédito e políticas mais rigorosas, começaram a surtir efeito, especialmente a partir de 2023.
Com base nas respostas aos inquéritos, 29% das PME e 11% das grandes empresas afirmaram que poderiam cessar a sua atividade no prazo de dois anos se as condições económicas não melhorassem. A Intrum diz que a aplicação destes números aos dados mais recentes sobre a população empresarial do Eurostat e do Governo do Reino Unido sugere que cerca de 9,8 milhões de empresas em toda a Europa poderão estar em risco. Tendo em conta a dimensão da empresa e os níveis médios de emprego, estima-se que estas empresas empreguem cerca de 40,6 milhões de pessoas, sendo que o cálculo não inclui a criação de novas empresas, que foi em média de 11%na UE em 2022.
O European Payment Report 2025 foi publicado em abril de 2025 e fornece insights sobre tendências e comportamentos de pagamento, incluindo pagamentos em atraso, práticas de pagamento de faturas e risco financeiro geral das empresas europeias. A análise baseia-se nas respostas obtidas até fevereiro de 2025, de 9.150 executivos em 25 países, incluindo 240 em Portugal, de cerca de 15 setores de atividade.
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