Um grupo de investidores e empresários de Portugal mostrou-se hoje interessado em comprar jornais e revistas do Global Media Group (GMG), nomeadamente o Jornal de Notícias (JN) e O Jogo, que enfrentam uma ameaça de despedimento coletivo.
“Somos um grupo de investidores e empresários de várias geografias de Portugal, com especial predominância para o Norte do país, que temos observado com preocupação os recentes acontecimentos que colocam em causa a estabilidade do GMG, a reputação das suas marcas e o emprego dos seus profissionais”, lê-se na proposta de intenção de compra dirigida aos acionistas do GMG e a que a Lusa teve hoje acesso.
No documento, assinado por um responsável da empresa Officetotal Food Brands, de Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, em representação do novo consórcio para a solução do GMG, este grupo de empresários refere que para contribuir para o futuro e viabilidade financeira das marcas do GMG está disposto a adquirir o JN, O Jogo, JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta do Mundo, assim como a maioria do capital da Sociedade Notícias Direct.
Este consórcio mostra-se ainda disponível para “ser solução para a rádio TSF”, cujo valor informativo e relevância editorial entende ser único no panorama nacional.
Em 06 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva do GMG, que detém títulos como o JN, O Jogo, Diário de Notícias, TSF, entre outros, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.
Na quarta-feira, os trabalhadores do GMG cumpriram um dia de greve contra a intenção de despedimento e os salários em atraso.
A compra destes títulos tem como pressupostos a criação de uma nova sociedade – para onde seriam transferidas as marcas e os seus profissionais – e a cedência de parte do capital a uma cooperativa de jornalistas e demais trabalhadores, salienta a proposta.
Esta solução implica ainda a transferência de todos os profissionais editoriais destas marcas e de um grupo destes que se comprove que estão mais de 50% do seu tempo afetos a essas, sendo a seleção feita em conjunto com as equipas da GMG, adianta.
Este grupo de empresários e investidores garante que na transferência dos contratos será assegurada a antiguidade e direitos dos trabalhadores.
“Estimamos que este movimento poderá corresponder a um universo entre 200 a 250 profissionais”, vinca.
Esta solução pressupõe que a nova sociedade seja detida em maioria ou na totalidade pelos proponentes investidores, num modelo a acordar entre as partes, adianta.
Esta nova sociedade será gerida no dia a dia por uma pequena equipa executiva focada nas funções financeira, jurídica, tecnológica, recursos humanos e comercial, ressalva.
“Independentemente das estruturas de cada marca propormos desenhar em conjunto um modelo de `governance´ que mantenha e reforce as atividades de promoção comercial de todas as marcas do grupo, bem como a partilha de conteúdos”, frisa.
Na sexta-feira, a Comissão Executiva da Global Media disse aos trabalhadores que uma solução de “curto e médio prazo só poderá resultar” de sinergias e soluções financeiras encontradas em conjunto pelos representantes do fundo e do grupo Bel.
A Lusa tentou contactar Diogo Freitas, que assina o documento escrito em folhas com o logótipo da Officetotal Food Brands, mas sem sucesso.
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