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Irão abre terminal petrolífero para contornar Estreito de Ormuz

Novo terminal localizado perto do porto de Jask, no Golfo de Omã, permite que os navios que querem abastecer petróleo iraniano possam deixar de entrar no estreito e navegar no Golfo da Arábia. Teerão quer aumentar as exportações que Washington quer impedir.
22 Julho 2021, 17h50

A rota de navegação do Estreito de Ormuz tem sido palco de focos de tensões regionais e a entrada de navios petrolíferos em deslocação para o Golfo da Arábia não é com certeza a mais segura das rotas internacionais. O Irão decidiu assim abrir um terminal petrolífero aberto para o Oceano Índico.

O presidente cessante, Hassan Rouhani, disse que o Irão abriu o seu primeiro terminal de petróleo no Golfo de Omã, uma medida que permitirá evitar o uso da rota de navegação do Estreito de Ormuz. “Este é um movimento estratégico e um passo importante para o Irão, que assim garantirá a continuação das suas exportações de petróleo”, disse Rouhani num discurso transmitido pela televisão esta quinta-feira.

O novo terminal está localizado perto do porto de Jask, no Golfo de Omã, ao sul do Estreito de Ormuz, permitindo que os navios que se dirigem para o Mar da Arábia evitem aquela rota. O principal terminal de exportação de petróleo do Irão está localizado no porto de Kharg, dentro do Estreito de Ormuz, uma hidrovia com menos de 40 quilómetros de diâmetro no seu ponto mais estreito.

“Tínhamos um terminal e, se houvesse um problema, as nossas exportações de petróleo seriam cortadas”, reconheceu Rouhani, acrescentando que a decisão “é histórica para a nação iraniana”. Um primeiro carregamento a partir do novo terminal foi processado já esta quinta-feira.

Rouhani não se esqueceu do lado político do empreendimento: “Isto mostra o fracasso das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão”, disse. O presidente cessante disse que o Irão pretende no futuro exportar um milhão de barris por dia de petróleo a partir das novas instalações – neste momento, a infraestrutura permite a exportação de apenas 350 mil barris por dia. O país produz cerca de 2,47 milhões de barris por dia em junho, de acordo com os últimos dados disponíveis da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Rouhani disse que a nova infraestrutura custos cerca de 1,7 mil milhões de euros e demorou cerca de dois anos a terminar. A localização do novo terminal também economizará vários dias de navegação aos petroleiros que se dirigem para o mar aberto.

Recorde-se que o Irão tem frequentemente ameaçado bloquear o Estreito de Ormuz se as suas exportações de petróleo forem fechadas por sanções dos Estados Unidos – que voltaram ao ativo há três anos, quando o então presidente Donald Trump se retirou unilateralmente do Acordo Nuclear de 2015.

Washington acusou Teerão de tentar contornar as sanções exportando petróleo para países como a China, Venezuela e Síria, e anunciou repetidamente a apreensão de petroleiros que supostamente transportavam petróleo iraniano. Recorde-se que as sanções não foram seguidas pelos restantes parceiros do Acordo Nuclear e que não há qualquer impedimento válido para a compra de petróleo iraniano – a não ser a vontade unilateral da Casa Branca.

Pelo Estreito de Ormuz passa cerca de 20% do petróleo mundial, desde os países produtores do Médio Oriente. Na região registaram-se confrontos periódicos entre a elite do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão e os militares norte-americanos estacionados na área. Navios de propriedade israelita foram atacados no Golfo de Omã em fevereiro e abril passados.

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