Os rivais que pretendem suceder Ebrahim Raisi (morto num acidente com um helicóptero) através de eleições, que têm lugar esta sexta-feira, estão ligados a Ali Khamenei, acusa a oposição. Um deles é nomeado pelo Líder Supremo da República Islâmica para os Conselhos Supremos; o outro tornou realidade o seu sonho de construir um plano de mísseis; e o último foi o vice-ministro da Inteligência na altura da tomada de posse do líder supremo. Um quarto candidato é também próximo da equipa médica de Khamenei.
Mostafa Pourmohammadi, segurança de confiança de Khamenei, era, como Ebrahim Raisi, membro de comissões próximas do líder supremo, mas a sua relação com Ali Khamenei remonta aos primeiros anos da sua liderança. O Ministério da Inteligência não é um lugar onde os governos podem exercer a sua autoridade, e o ministro é escolhido pelo próprio Khamenei. Quando um antigo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, quis demitir o ministro da Inteligência à época, Heydar Moslehi, Khamenei anunciou por escrito que não haveria mudança no Ministério sem a sua concordância.
No entanto, desde 1990, o primeiro ano da liderança de Khamenei, Pourmohammadi era vice-ministro do ministério há nove anos, e embora seja próximo dos reformistas em termos partidários, a sua ligação com Khamenei é considerada inviolável. Pourmohammadi foi também ministro do Interior no primeiro governo de Ahmadinejad, o que mostra a confiança de Khamenei na sua pessoa, dado que é outros dos ministérios que circula em torno da vontade do líder máximo.
Outro candidato, Saeed Jalili, é membro de facto do Conselho Supremo de Khamenei. A relação de Jalili com Khamenei – refere um jornal da oposição, é mais próxima no tempo. Jalili é representante do líder máximo no Conselho Supremo de Segurança, é membro do Conselho de Conveniência por decreto de Khamenei e membro do Conselho Estratégico para as Relações Exteriores no seu gabinete. A sua entrada no aparelho do regime começou em 2001, quando Khamenei o nomeou para chefiar investigações em andamento no seu gabinete. Como representante de Khamenei no Conselho Supremo de Segurança Nacional de 2007 a 2013, foi seu secretário e também foi o chefe das negociações nucleares da República Islâmica com as potências ocidentais.
Mohammad Baqer Ghalibaf, o fundador do programa de mísseis de Khamenei, é um veterano da Guarda Revolucionária e considerado próximo de Khamenei. De 2017 a 2020, foi nomeado por Khamenei como membro do Conselho de Conveniência. Ghalibaf foi uma das principais forças fundadoras do programa de mísseis do IRGC – um programa muito acarinhado pelo líder máximo. Era também confidente de Qassem Soleimani, ex-comandante da Força Quds, assassinado pelos Estados Unidos em Bagdad em 2020. Finalmente, Masoud Pezeshkian, nomeado para a equipa médica de Khamenei, foi um estudante revolucionário que, após a vitória da Revolução de 1979, deu aulas de Nahj al-Balagha. Não é como os outros três candidatos, que tiveram a experiências de cooperação direta com Khamenei, mas nos seus discursos de propaganda, reconheceu a sua “lealdade” a Khamenei.
Como o Conselho Supremo tem a possibilidade de recusar candidatos, os observadores internacionais sabem que os que se prestam a apresentarem-se a votos são sempre da confiança de Ali Khamenei. Neste quadro, a observação externa do regime dá-se pela contagem das abstenções. Uma conta simples: se forem muitas, o regime está enfraquecido – se não o forem, quer dizer que ainda ‘respira’. Nas eleições de junho de 2021, Raisi foi eleito com 62% dos votos, mas a abstenção ‘ganhou’, com um recorde superior aos 57%. É esse o valor que estará em jogo.
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