Um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Líbano pode estar para breve, segundo adiantam autoridades libanesas citadas pelos jornais. A existir, o acordo prevê uma retirada militar israelita do sul do Líbano – mas a manutenção de tropas em prontidão do outro lado da fronteira, disse o vice-presidente do Parlamento libanês, Elias Bou Saab, à agência Reuters. Ao mesmo tempo, tropa regular do exército libanês será enviadas para a região da fronteira dentro de 60 dias, para substituir as forças do Hezbollah, que há décadas mantém posição ao longo da linha que separa os dois países. Outras fontes libanesas afirmam que o cumprimento do cessar-fogo seria monitorizado por um comité de cinco países, incluindo a França e presidido pelos Estados Unidos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente francês, Emmanuel Macron, devem anunciar o cessar-fogo entre o Hezbollah e Israel em 24horas. Mas tanto o gabinete da presidência francesa como a Casa Branca não confirmaram ainda (até ao fecho desta edição) que os planos estejam numa fase tão adiantada. O jornal árabe “Asharq al-Awsat” refere por seu turno que o cessar-fogo seria mantido por 60 dias – margem suficiente para o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tomar posse (a 20 de janeiro). As autoridades em Washington recusaram responder a questões sobre a matéria, diz ainda a Reuters, mas disseram que as negociações que o governo teve sobre o cessar-fogo entre Líbano e Israel foram positivas e estão a ir na direção certa. “Estamos perto”, disse o porta-voz da Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. “As discussões foram construtivas, e acreditamos que a trajetória está a ir numa direção muito positiva. Autoridades francesas disseram que as negociações estão em andamento.
Aparentemente, o cessar-fogo terá efeito apenas no Líbano, não havendo qualquer evidência de que pode ser estendido à Faixa de Gaza – onde o confronto continua intenso.
As notícias sobre um possível acordo de cessar-fogo surgiram depois de a coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, ter chegado a Israel para reuniões com altos funcionários. Um comunicado da ONU emitido no domingo dizia: “Espera-se que as discussões se concentrem na crise atual, na urgência de um cessar-fogo e na implementação abrangente da resolução 1701 do Conselho de Segurança”.
Entretanto, o grupo dos sete países mais ricos do mundo está a tentar encontrar uma posição comum sobre o mandado de prisão emitido em nome do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu pelo Tribunal Penal Internacional, disse o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, esta segunda-feira. “Precisamos de estar unidos nisto”, disse Tajani no início de uma reunião de ministros das Relações Exteriores das nações do G7.O que se sabe de antemão é que os Estados Unidos – que não são subscritores do Tribunal – rejeitaram a decisão.
Recorde-se que a resolução 1701 dizia que ambas as partes devem respeitar a Linha Azul, a fronteira entre o Líbano e Israel. A resolução também cria uma zona tampão entre a Linha Azul e o rio Litani (cerca de 30 km ao norte da fronteira), apenas destinada à circulação das autoridades libanesas e da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL, formada em 1978).
A resolução pede o desarmamento de todos os grupos armados no Líbano e determina que nenhuma arma ou material relacionado possa ser vendido ou fornecido ao Líbano, a menos que autorizado pelo governo. Este capítulo da resolução era projetado para retirar o Hezbollah da fronteira, mas isso nunca veio a acontecer. A resolução exige que nenhuma força estrangeira esteja presente no Líbano sem o consentimento do governo libanês.
Embora o cessar-fogo tenha sido mantido em grande parte após a adoção da resolução 1701 da ONU (no verão de 2006), as violações e tensões persistiram ao longo dos anos. Ambos os lados acusam-se mutuamente de provocações e de faltar ao espírito da resolução. O Líbano apresentou dezenas de queixas à ONU, especialmente sobre violações israelitas da soberania libanesa, incluindo mais de 35 mil violações do espaço aéreo desde 2006. A principal queixa de Israel tem a ver com o facto indesmentível de o Hezbollah permanecer armado na fronteira.
Já o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, afirmou que as forças de manutenção da paz da ONU estacionadas no sul do Líbano têm o “forte apoio” do bloco, depois de se ter encontrado com o seu comandante em Beirute. Josep Borrell manteve conversações com o Chefe da Missão da UNIFIL e Comandante da Força, Tenente-General Aroldo Lázaro, durante a sua visita à capital libanesa no domingo. passado. O encontro realizou-se dias depois de quatro soldados italianos terem ficado feridos na sequência da explosão de dois rockets numa base da UNIFIL em Shama, aparentemente disparados pelo Hezbollah.
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