Israel já informou os Estados Unidos sobre os planos para uma “operação terrestre limitada no Líbano”, revela o jornal “The Washington Post”. Ninguém sabe ao certo o que quererá dizer uma operação limitada – mas, atendendo aos ataques de que Beirute tem sido alvo e estando a capital do sensivelmente no centro do território do Líbano, os analistas temem o pior.
Na Casa Branca, o desconforto é notório. Não tendo havido até ao final da tarde de segunda-feira qualquer comentário sobre a “operação terrestre limitada”, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, insistiu novamente num cessar-fogo. Questionado pela imprensa norte-americana sobre se estava confortável com o plano de Israel, respondeu: “Estou confortável se eles pararem”. E também não comentou se a sua administração planeia interromper o conflito ou suspender a venda de armas a Israel.
Corroborando a iminência do ataque, o ministro israelita da Defesa, Gallant, disse, citado pelos jornais do país, que a próxima fase da guerra começará em breve. “A próxima etapa da guerra contra o Hezbollah começará em breve”, disse Gallant numa reunião de chefes de conselhos locais no norte de Israel, de acordo com um comunicado do seu gabinete.
“Os Estados Unidos continuarão a trabalhar com os nossos parceiros na região e em todo o mundo para promover uma resolução diplomática que proporcione segurança real a Israel e ao Líbano e permita que os cidadãos de ambos os lados da fronteira retornem às suas casas”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, citado pela imprensa norte-americana.
Entretanto, a comunidade internacional multiplica os apelos ao cessar-fogo. O primeiro-ministro indiano Narendra Modi disse que conversou com o seu homólogo Benjamin Netanyahu sobre os desenvolvimentos recentes do conflito. “É crucial evitar a escalada regional e garantir a libertação segura de todos os reféns”, disse Modi. “A Índia está empenhada em apoiar os esforços para uma restauração rápida da paz e da estabilidade”, acrescentou. Em França, o ministro das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, pediu novamente a Israel que não empreenda nenhuma invasão terrestre do Líbano. “Exorto Israel a abster-se de qualquer incursão terrestre e a aceitar um cessar-fogo. Peço ao Hezbollah que faça o mesmo e se abstenha de qualquer ação que possa levar à desestabilização regional”, disse Barrot em visita ao Líbano. Da Síria, o ministro das Relações Exteriores, Bassam Sabbagh, alertou que o assassinato de Hassan Nasrallah levou “a região à beira de uma perigosa escalada e confronto”. Do Bahrein, o rei Hamad bin Isa Al Khalifa disse ser importante preservar a soberania do Líbano e intensificar os esforços para chegar a um cessar-fogo em Gaza. O primeiro-ministro do Reino Unido afirmou, através de um porta-voz, que “estamos firmes no nosso apoio ao direito de Israel à autodefesa”, mas “a nossa mensagem muito clara é que todas as partes mostrarem contenção.”
Para além do impacto regional, qualquer decisão de Netanyahu que promova o aumento da escala da guerra será uma má notícia para a candidatura democrata de Kamala Harris – que gostaria de poder chegar ao dia 5 de novembro com o problema resolvido. Se isso não acontecer – e ninguém acredita que possa acontecer – a administração democrata levará com o ónus de não ter conseguido estancar uma guerra que começou na Palestina há quase um ano. Inevitavelmente, essa evidência não vai favorecer Harris – que, recorde-se, teve de se haver com várias manifestações de protesto contra a guerra e em favor da causa palestiniana, o que deixou a candidata democrata visivelmente desconfortável.
Do outro lado, Donald Trump argumenta que acabará com o conflito muito rapidamente – e que fará o mesmo na Ucrânia. Ninguém sabe como isso sucederá, mas segundo a imprensa norte-americana, muitos cidadãos (votantes) acreditam que os republicanos, mais próximos de Israel que os democratas, serão mais eficazes na contenção do governo de Benjamin Netanyahu.
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