A iminência de tarifas vindas dos Estados Unidos da América sobre importações oriundas da União Europeia (UE) obriga as empresas portuguesas a diversificarem a sua presença global, procurando ganhar quota noutros mercados à medida que o norte-americano se complica. Quem o defende é a Associação Empresarial de Portugal (AEP), que relembra a aposta em mercados emergentes e não tradicionais nos últimos anos.
A tendência de afirmação dos EUA como destino das exportações portuguesas enfrentará inegavelmente um desafio caso se confirmem as tarifas “recíprocas”, na caracterização do presidente Trump, sobre a UE. A maior economia do mundo vinha subindo no peso relativo entre as exportações nacionais, chegando a quase 7%, mas a hostilidade norte-americana para como o seu maior aliado político e económico obriga as empresas portuguesas a repensarem a sua estratégia internacional – e a diversificação é a resposta, defende o presidente da AEP.
“O aumento das tarifas alfandegárias tenderá a afetar a performance das exportações nacionais, pelo que é necessário diversificar os mercados de destino, particularmente para mercados não tradicionais, assim como a AEP tem vindo a defender recorrentemente”, começa por referir ao JE Luís Miguel Ribeiro.
Trump reforçou na passada semana a vontade de avançar com barreiras à entrada de bens importados para os EUA provenientes da UE, classificando os parceiros transatlânticos como tendo sido criados “para lixar os Estados Unidos”. A Europa já garantiu que irá retaliar qualquer medida que veja como injusta e desproporcional.
“As empresas portuguesas encontram-se muito apreensivas com esta instabilidade proveniente dos EUA, estando a equacionar medidas preventivas para as diferentes possibilidades”, reconhece o presidente da AEP.
Nesta linha, a associação tem vindo a promover, através do seu projeto de internacionalização Business On the Way (BOW), a diversificação de mercados, “sobretudo para mercados não tradicionais, que, apesar de serem mais longínquos, são transversalmente mais dinâmicos”.
O projeto já promoveu, no ano passado, “a participação de 180 empresas em 27 ações, entre feiras internacionais e missões empresariais, em 20 mercados distintos, desde os Emirados Árabes Unidos (Dubai) ao Brasil, Singapura, Alemanha, Canadá e EUA, ou em missões empresariais em mercados não tradicionais e mais desconhecidos, como Geórgia, Arménia, Uzbequistão, Letónia e Estónia ou Austrália e Nova Zelândia”, relembra.
As exportações de bens portuguesas retomaram no ano passado o crescimento interrompido em 2023, avançando 2,5% após um recuo de 1,4% no ano anterior. Em termos absolutos, este indicador aproximou-se dos 80 mil milhões de euros, ficando acima do dobro registado em 2010.
Para 2025, e procurando conquistar mercados ainda mais longínquos e por explorar, a grande novidade “será a nossa incursão no mercado da Mongólia”.
“Aa escala das empresas é relevante, como é também a questão do financiamento para estimular e suportar a estratégia de diversificação de mercados, onde os fundos europeus, bem como o Banco Português de Fomento, devem ter um papel relevante e direcionado para tais propósitos”, complementa.
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