Os preços das casas registaram um aumento de 69,2% em Portugal entre 2015 e o terceiro trimestre de 2023, o que coloca o país no sétimo lugar do ranking revelado pela ‘Euronews’, dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), onde os valores dos imóveis mais subiram durante este período.
Na liderança desta tabela encontra-se a Turquia com um disparo de 1.194%, que se explica por fatores como a desvalorização da lira turca o aumento das taxas de inflação, que durante o ano de 2022 chegou a superar os 80%, a que se junta o crescimento dos custos da construção.
Este último ponto é também apontado por Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, como um dos principais responsáveis para que em Portugal o preço das casas tenha verificado uma subida de quase 70% durante o período analisado pela OCDE.
“2015 foi um ano no qual os preços ainda estavam sob o efeito da desvalorização do mercado devido à crise financeira, que trouxe uma desvalorização de 20% ao mercado. A valorização que o mercado teve a seguir a essa desvalorização, uma parte foi mera recuperação para o nível em que estava antes da crise. Portugal tem essa valorização, primeiro porque tem ainda o efeito da desvalorização anterior e porque toda a construção em Portugal teve como consequência o aumento de preços por vários motivos, sendo um deles o aumento dos custos da construção”, explica, em declarações ao Jornal Económico (JE).
Um cenário que o responsável considera que se agravou com o fim da pandemia, que provocou uma subida ainda maior dos custos de construção aumentaram, devido a problemas nas cadeias de abastecimento provocadas pela guerra da Ucrânia. “Agora baixarem é muito difícil porque as condições estão mais favoráveis. Aliás, tal como o preço da mão de obra que nunca baixa”, salienta Ricardo Guimarães.
Questionado sobre uma eventual relação entre este período de aumento de preços com as medidas aplicadas no mercado português pelo anterior Governo, o diretor da Confidencial Imobiliário é peremptório. “Não, de todo”, sublinhando, no entanto que os socialistas podiam ter feito coisas que não fizeram como baixar o IVA, que em Espanha é de 10%, sendo dedutível, algo que não acontece em Portugal. “Houve países que conseguiram fazer coisas que nós não conseguimos”, realça.
Olhando para o restante ranking da OCDE, além da Turquia, surgem na frente de Portugal, a Hungria (166,4%), a Islândia (129,6%), a República Checa (110,8%), a Estónia (99,8%) e a Áustria (69,5%). Atrás do nosso país e a fechar o top10 aparecem a Irlanda (68,2%), os Estados Unidos (53,1%) e Israel (51,9%). Nota ainda para a Grécia (51,4%), que completa a lista de países onde o aumento do preço das casas foi superior a 50%.
Na parte inferior da tabela e com subidas abaixo de 10% encontram-se os países nórdicos, nomeadamente a Noruega (9,1%), a Itália (8,7%), a Finlândia (4,4%) e a Suécia (4,1%).
“O padrão que existe na Europa é o dos mercados periféricos e de menor valor, ou seja, partem de preços mais baixos por serem aqueles que têm maior nível de valorização. Alguns destes mercados, como é o caso do português estão pressionados pelo lado da procura, o que por si só aumenta os preços. Em paralelo são mercados que partem de nível de preços que não são compatíveis com os custos de construção, que são muito mais elevados. Os requisitos de construção são cada vez maiores o que faz encarecer os custos”, afirma Ricardo Guimarães.
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