Depois de uma década à frente da NATO, Jens Stoltenberg anunciou esta terça-feira o seu regresso surpreendente à linha da frente da política norueguesa como ministro das Finanças, numa altura em que o país enfrenta preocupações com uma potencial guerra comercial transatlântica, dias depois da divisão da coligação no poder.
“Sinto-me profundamente honrado por me terem pedido para ajudar o meu país nesta fase crítica”, afirmou Stoltenberg, citado pela imprensa. Antes de entrar para a NATO, foi primeiro-ministro durante nove anos. Stoltenberg vai juntar-se ao governo depois de o executivo de coligação no poder se ter dividido na semana passada devido a uma disputa sobre a adoção das políticas energéticas da União Europeia.
Um aceso debate sobre a questão de saber se a Noruega deve manter a eletricidade para si própria para baixar os preços para os residentes ou exportá-la para a União Europeia levou o Partido do Centro, eurocético, a retirar os seus ministros da coligação – incluindo o antigo ministro das Finanças, Trygve Slagsvold Vedum.
Stoltenberg vai substituir Slagsvold Vedum na necessária remodelação do governo e espera revigorar as valências do Partido Trabalhista (de centro-esquerda), que governa sozinho há oito meses das eleições nacionais. Recorde-se que Stoltenberg chegou a ser apontado como o futuro governador do banco central norueguês, mas aparentemente optou por um cargo mais executivo, apesar de estar na mesma área de influência. Certa estava a sua entrada na direção da Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, mas foi dispensado do cargo depois de ter anunciado o regresso à política norueguesa.
O regresso do político veterano à vida política norueguesa acontece numa altura em que o país nórdico receia ser apanhado numa guerra comercial entre a União Europeia e os EUA. A Noruega, que não é membro da UE, poderá ser potencialmente afetada por tarifas de Bruxelas e de Washington, caso o presidente dos EUA, Donald Trump, leve por diante as suas ameaças tarifárias.
Stoltenberg, que esteve à frente da NATO de 2014 a 2024, ganhou a alcunha de ‘Trump whisperer’ (o que sussurra) pelos seus esforços em convencer Trump a não se retirar da aliança militar durante o seu tempo como chefe da NATO. Mas não é certo que esta proximidade com Trump deixe a Noruega a salvo de qualquer ameaça vinda dos Estados Unidos: afinal, Stoltenberg é um dos que, na ótica de Trump, permitiu o ‘laxismo’ financiador dos países da aliança, nomeadamente do bloco europeu.
O veterano político anunciou o seu regresso em comunicado, onde dizia que “tendo considerado cuidadosamente os atuais desafios que enfrentamos, decidi aceitar o pedido do primeiro-ministro para servir como seu ministro das Finanças”. “Esta equipa está pronta para liderar a Noruega em tempos difíceis”, disse o primeiro-ministro Jonas Gahr Støre aos jornalistas no exterior do Palácio Real, após a reunião do novo governo com o Rei Harald.
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