Aumenta o clima de tensão entre a deputada Joacine Katar Moreira e a direção do seu partido, o Livre. Depois da troca de comunicados durante o dia de sábado, agora a deputada veio a público criticar a liderança do Livre.
“Fui eu que ganhei as eleições, sozinha, e a direção quer ensinar-me a ser política”, disse a deputada ao Observador.
Mais. A deputada disse que o apoio que foi tendo ao longo da campanha só chegou por parte de “quem não era do partido”. E critica também Rui Tavares e “alguns membros da direção” por estarem a celebrar na noite da eleição por terem obtido o mínimo de votos para ter direito a subvenção partidária, celebração que terá ocorrido antes de saberem se tinham conseguido eleger para o Parlamento.
E as acusações de Joacine continuam, afirmando ao Observador que “mesmo antes da campanha eleitoral” a “falta de apoio” ao seu nome já era notória.
Para este domingo às 14h30 está marcada uma assembleia do Livre na sede do partido em Lisboa. Entre os pontos da ordem de trabalhos está a audição da deputada sobre a sua abstenção na sexta-feira, restando saber agora o desfecho deste episódio de tensão entre a deputada e a direção do seu partido.
Tudo começou no sábado quando a direção do Livre emite um comunicado a criticar a deputada por se ter abstido numa votação que visava a “condenação da nova agressão israelita a Gaza e da declaração da Administração Trump sobre os colonatos israelitas”, apresentada pelo PCP, quando a direção do Livre defendia que se deveria votar a favor da moção apresentada pelo PCP.
Em comunicado no sábado, a deputada revelou a sua surpresa com a tomada de posição pública do partido. “Foi com surpresa que recebi hoje, como todos vós, a posição da direção do partido, o Grupo de Contacto, a distanciar-se da minha abstenção”.
Joacine Katar Moreira queixou-se da falta de comunicação com a direção do partido, o que originou a abstenção “Foram três dias de contacto infrutífero para saber dos posicionamentos da direção relativos ao sentido de voto das propostas que nos chegaram”, afirmou ontem em comunicado, onde saudou “todas as entidades e todos os partidos que apoiam a causa palestiniana”.
No entanto, a direção do Livre rebateu estas críticas, argumentando que foi a deputada que não se esforçou para obter a posição do partido nesta matéria.
“A dificuldade de comunicação passa também por ela, para o gabinete dela uma vez que nunca se dirigiu aos restantes membros da direção a pedir uma ajuda naquele voto específico. Foi-nos enviado o guião de votações, como nos é enviado todas as semanas, mas na semana passada nós também não nos pronunciamos sobre todas as votações e no entanto não houve nenhuma situação destas de haver uma falha de comunicação”, disse à Agência Lusa Pedro Nunes Rodrigues, membro do Grupo de Contacto do Livre, órgão que lidera o partido.
O partido comemorou este sábado o seu sexto aniversário num jantar com militantes que contou com a presença tanto de Joacine Katar Moreira como a de Rui Tavares, um dos membros mais conhecidos da direção do partido.
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