O deputado do JPP, Miguel Ganança, considerou “vergonhosas” as evidências que “indiciam uma eventual situação promíscua” entre a Secretaria Regional da Inclusão, Trabalho e Juventude, o Instituto da Segurança Social da Madeira (ISSM), o fundador da Associação Atalaia Living Care, o empresário Tony Saramago, e uma empresa “fantasma”, com sede nos Emirados Árabes Unidos, como uma das causas da degradação dos cuidados prestados aos idosos do Lar da Bela Vista.
Miguel Ganança referiu que o partido “já perdeu a conta”, nos últimos anos, ao número de denúncias públicas e também às autoridades competentes sobre os problemas no Lar da Bela Vista.
“Nada se compara à situação no último ano, claramente agravada depois de a instituição ter saído da esfera pública, em Julho de 2023, para o privado”, disse o deputado da força partidária.
Miguel Ganança considerou “estranha” a posição “benévola” do Governo Regional e da Segurança Social perante “o agravar da falta de respeito e de dignidade para com pessoas fragilizadas pela doença e a idade avançada”, por parte da Associação Atalaia, que gere a instituição.
O deputado do JPP apelou a que a Secretaria Regional da Inclusão Trabalho e Juventude e a Segurança Social tenham “mão firme” num problema que “requer sensibilidade social e respostas adequadas e urgentes em benefício de uma população que muito contribuiu para a nossa sociedade e agora merece viver com tranquilidade e qualidade o resto das suas vidas”.
Miguel Ganança disse que o partido repudia que a velhice seja “aproveitada como um negócio para o lucro fácil de algumas pessoas pouco conscientes”, e lembrou que foi graças aos “papelinhos” que o tribunal deu razão às queixas apresentadas pelo JPP.
A força partidária salientou que a decisão judicial autoriza o JPP a consultar as cópias das reclamações apresentadas por utentes e familiares, e acrescentou que o partido aguarda por outro despacho para poder consultar os relatórios resultantes das ações de fiscalização e ações inspetivas realizadas no Lar da Bela Vista até 31 de março de 2024.
“Há insuficiências de meios técnicos e humanos, falhas graves ao nível do conforto dos idosos que têm de ser urgentemente corrigidas”, disse o deputado da força partidária, salientando que em 2022, o partido “já denunciava a existência de um rácio de apenas um enfermeiro para 70 utentes”.
Miguel Ganança acrescentou que “nada mudou, pelo contrário, parece que tudo se agravou com a entrada do privado na gestão do Lar”.
O partido diz suspeitar de “um conflito de interesses”, a resvalar para uma possível situação de “promiscuidade”.
A força partidária referiu que essa desconfiança baseia-se no facto de “não ter sido nem a Secretaria da Inclusão nem a Segurança Social a tomar uma posição pública sobre as denúncias dos utentes e familiares, depois de uma reunião, no final da semana passada, onde os problemas foram analisados, tendo essa tarefa sido assumida por uma funcionária da Segurança Social, agora destacada como assessora da Administração da Associação Atalaia Living Care, a IPSS que gere o Lar”.
Miguel Ganança acrescentou que a funcionária em questão “mantém o vínculo à Segurança Social, mas foi dispensada em regime de cedência de interesse público, em 2018, a uma empresa Offshore detida pelo empresário Tony Saramago, a Medical Holding`s International (MHI), com sede nos Emirados Árabes Unidos”.
O deputado do JPP diz que “passou a assessora da Associação Atalaia, e foi ela quem falou à comunicação social no final da referida reunião”, e questionou “como é que alguém que está ao serviço dos interesses da empresa privada pode ser a porta-voz das queixas dos idosos e familiares?”.
Miguel Ganança sublinhou que naturalmente “a senhora veio dizer que estava tudo bem” e acrescentou que “desvalorizou tudo, desmentiu familiares e utentes. Não há banho de água fria, não faltam funcionários, está tudo perfeito, no dizer dela. Apenas uma coisa era verdade: a Segurança Social ia desbloquear 1,8 milhões de euros para a sua entidade patronal, a Associação Atalaia Living Care, visto que, como ela própria referiu, o contrato com o Governo ‘está a ser cabalmente cumprido’, ou seja, foi juíza em causa própria, ignorando as queixas dos utentes”.
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