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Juncker propõe duplicar fundo de investimento até 600 mil milhões

Líder da Comissão Europeia faz discurso sobre o estado da União e defende a solidariedade, a criação de emprego, a luta contra o desemprego dos jovens, o reforço do plano de investimento e o combate ao terrorismo.
14 Setembro 2016, 12h26

No discurso sobre o estado da União, Jean-Claude Juncker, líder da Comissão Europeia, defende uma Europa melhor e que rejeite qualquer cedência aos populismos. “Muitas vezes interesses nacionais são colocados à frente dos europeus, mas a integração europeia não pode ser colocada em segundo plano. Não destruímos, nem queremos colocar em risco os países, queremos construir. Queremos uma Europa melhor, mas existem fraturas e não podemos dar espaço aos populismos que não resolvem problemas, antes os criam.”

Juncker considerou, por outro lado, que “só a existência da União nos ajudou na crise financeira”. Multiplicar “por dois o fundo previsto no plano de investimento para 600 mil milhões de euros” foi uma das medidas apresentadas no quadro do reforço dos financiamentos de projetos e da criação de emprego, sem esquecer o apoio a ‘startups’ ou o suporte a países de África.

“O desemprego continua alto, mas desde 2013 foram criados oito milhões de postos de trabalho e o emprego está a subir, mas a injustiça social continua e temos de encontrar equilíbrio, porque a Europa não é suficientemente social. Além disso, as dívidas continuam demasiado altas, apesar da descida nos défices. Deve haver flexibilidade inteligente para que não seja posto em perigo o crescimento”, disse.

Sobre o Brexit, Juncker afirmou: “Respeitamos, mas ao mesmo tempo lamentamos, a decisão do Reino Unido em sair, mas a União Europeia não está em risco e gostaríamos que se concretizasse o mais depressa possível para que as relações com o Reino Unido se tornassem normais.”

“Trinta milhões, um em cada sete empregos, dependem das exportações na Europa e, por isso, apoio o excelente acordo estabelecido com o Canadá, o melhor que alguma vez conseguimos. O acordo sobre o clima em Paris não existiria sem a União Europeia”, lembrou.

“Não somos os Estados Unidos da Europa, a nossa diversidade é maior do que a dos Estados Unidos, e uma Europa empenhada requer coragem e verdade não só no Parlamento Europeu, mas também nos parlamentos nacionais”, afirmou. “Os cidadãos não podem continuar a ser enganados, esperam resultados claros da Europa.”

Proteção da privacidade, dos dados pessoais e dos direitos dos trabalhadores foram também temas do discurso do máximo dirigente da Comissão que defendeu a protecção dos cidadãos contra os abusos das grandes empresas e estas devem “pagar os seus impostos onde geram receitas”, lembrando Juncker que se tem batido contra a evasão fiscal.

Ajuda ao setor agrícola, designadamente na área leiteira, foi mencionada, tal como a necessidade de investimento na Internet para garantir a conetividade e, por isso, está em marcha a reforma do mercado das telecomunicações, permitindo “a criação de dois milhões de empregos” e “a proteção dos artistas e autores”.

“Não quero, nem vou aceitar que a Europa esteja marcada pelo desemprego dos jovens, não posso aceitar que esta geração seja a primeira em muitos anos a ter piores condições do que a anterior. Graças à União Europeia, mais de nove milhões de jovens puderam encontrar estágios e espaço no mercado de trabalho”, indicou.

Salientando a importância da solidariedade no projeto europeu, Jean-Claude Juncker apontou: “Não podemos impor a solidariedade, ela vem do coração e convido a presidência eslovaca a desenvolver esforços para que seja possível melhorar o acolhimento aos refugiados.”

“Uma Europa que protege é uma Europa que se defende. Perante o terrorismo e os atentados de que foi vítima a Europa, devemos manter-nos unidos e defender os nossos valores, mostrando aos terroristas que não vão vencer”, frisou. “Há muito que tomamos medidas de combate ao terrorismo e estamos também a defender as nossas fronteiras”, explicou, propondo um novo sistema de controlo das viagens na Europa e o reforço dos meios da Europol. “Só juntos somos e continuaremos incontornáveis”, destacou.

“Apelo à definição de uma estratégia europeia para a Síria”, considerou, afastando a ideia de uma Europa protegida apenas por uma potência, ao mesmo tempo que elogiava o trabalho de Federica Mogherini, alta representante da Europa para política externa e segurança, de quem disse que deveria tornar-se cada vez mais uma espécie de “ministra dos Negócios Estrangeiros europeia”. Além disso, “antes do fim do ano será proposto um fundo de segurança” destinado à “investigação e desenvolvimento da inovação no campo da defesa”.

“A Europa não pode ser construída sem ser bem explicada, nem contra os estados-membros, devendo ouvir cada um desses estados e os seus cidadãos. Por isso pedi aos comissários que visitem os parlamentos nacionais e debatam a Europa. A obrigação de todos nós é explicar a Europa”, informou.

“Os nossos filhos merecem melhor. Merecem uma Europa que defenda o seu modo de vida e os seus valores e cabe-nos essa responsabilidade. A Europa tem uma missão no seu espaço e no exterior. Apelo à nossa vontade de ultrapassar as diferenças e as clivagens, de acolher bem aqueles que aqui chegam como fizeram aqueles que nos antecederam. A História pode não se lembrar de nós, mas irá lembrar os nossos erros”, destacou.

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