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Karim Mustaghni: “YouTube nas crianças é como Las Vegas para o cérebro”

Empresário e especialista em estratégia criativa esteve em Lisboa, a convite da VdA e da Beta-i, para falar da importância da curiosidade e criatividade em tempo de IA.
8 Março 2025, 13h00

Curiosidade e criatividade. As duas qualidades devem ser trabalhadas e potenciadas mas numa altura em que tanto se fala de Inteligência Artificial, que espaço resta às capacidades humanas e como o cérebro pode ser estimulado? Karim Mustaghni é um empresário, artista e especialista em estratégia criativa, tendo como objetivo transmitir a paixão pela criatividade e projetar uma cultura de equipa que esteja centrada no ser humano. Este especialista esteve em Portugal e foi o último convidado do ano do Innov.Club, uma colaboração entre a Beta-i, uma consultora de inovação colaborativa e a sociedade de advogados Vieira de Almeida, da qual o JE também é parceiro.

“A curiosidade leva ao conhecimento da mesma forma que o conhecimento leva à curiosidade”: esta foi uma ideia que Karim Mustaghni enfatizou junto da audiência do Innov.Club mas para este especialista, há muitos desafios pela frente: “Tendencialmente, as pessoas estão a fazer cada vez menos perguntas mas é necessário que isso seja invertido e que se façam mais questões. Em ambiente de trabalho, é cada vez mais importante sabermos mais sobre as pessoas com quem trabalhamos, aproximarmo-nos delas. Os inovadores de topo que conheci têm todos essa capacidade”, destacou em entrevista ao JE. Para o especialista alemão, questionado sobre se há uma tendência para que humanidade seja cada vez menos curiosa, basta estar atento à forma como as crianças lidam com plataformas como o YouTube: “Da minha experiência, basta-me ver a forma como as crianças veem vídeos no YouTube e como mudam tantas vezes de conteúdo: é como se fosse Las Vegas para o cérebro”.

Karim considera que, perante as crianças, temos três opções quando confrontados com as suas dúvidas: “Pedir para parar com as perguntas; dar-lhe a resposta imediata (algo que não lhe vai estimular a curiosidade) ou, a forma correta, perguntar-lhes: “O que tu achas que é?”. E aí sim, vamos ativar a curiosidade das crianças. E isso até pode acontecer com os vídeos do YouTube. E é importante estabelecer ligações entre vários universos”. Assim, destaca Karim, o desenvolvimento da criatividade deve ser visto pelo prisma da importância de “trabalhar a memória de longo prazo porque se percebe que é cada vez mais difícil fazermos com que as pessoas tomem realmente atenção às coisas”. Para isso, este especialista dá a receita: “É importante que regressemos ao aborrecimento e que possamos evitar o telemóvel e estimular o nosso cérebro”. Defende Karim Mustaghni que a tecnologia até pode facilitar a nossa vida mas a aprendizagem “deve ser difícil de atingir” porque só assim vai estimular a curiosidade.

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