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Keir Starmer aposta “na moderação” e num governo de “serviço” aos britânicos

O primeiro discurso do novo primeiro-ministro britânico foi uma promessa de moderação e esclarecimento. Mas não quis esquecer uma palavra aos ‘deserdados’ do conservadorismo, que prometeu recuperar.
5 Julho 2024, 13h45

Os britânicos “deram-nos um mandato claro e vamos usá-lo para promover a mudança. Restaurar o serviço público e o respeito à política. Acabar com a era do desempenho barulhento e unir o nosso país”, disse o primeiro-ministro já indigitado, o trabalhista Keir Starmer.

“Quatro nações novamente juntas” que vão “enfrentar, como tantas vezes no nosso passado, os desafios de um mundo inseguro”, desta vez numa “reconstrução tranquila e paciente. Por isso, com respeito e humildade, convido todos a juntarem-se a este governo de serviço, na missão de renovação nacional”. “O nosso trabalho é urgente e começamos hoje”.

Para isso, afirmou, “tijolo a tijolo, vamos reconstruir as infraestruturas das oportunidades. As escolas e faculdades de classe mundial. As casas acessíveis” e tudo o mais que, na sua ótica, falta fazer ao cabo de 14 anos de conservadorismo – que foi literalmente riscado do mapa nas eleições desta quinta-feira.

“Uma das grandes forças desta nação sempre foi a nossa capacidade de navegar por um caminho para águas mais calmas. E, no entanto, isso depende dos políticos, particularmente daqueles que defendem a estabilidade e a moderação como eu, reconhecendo quando devemos mudar de rumo”, afirmou. Estabilidade e moderação é tudo o que os falcões das agências de notação e dos bancos de investimento têm aconselhado como caminho a seguir pelos trabalhistas. É, para os analistas, mais que um conselho: é o apontar de um caminho que, se não for percorrido, trará a reserva dos agentes da economia – e um avolumar de problemas que Starmer quer com certeza evitar. Para já, de qualquer modo, ainda está em ‘estado de graça’: a cotação do esterlino e a bolsa londrina abriram esta manhã sorridentemente positivas.

Mas Starmer disse também que “durante muito tempo fechámos os olhos enquanto milhões deslizavam para uma maior insegurança”, o que o fará lutar “todos os dias para que as pessoas acreditem” numa nova postura do novo governo. Mais preocupação social no seu governo? Com certeza que é isso que os britânicos esperam. “A partir de agora, os britânicos têm um governo desembaraçado de doutrinas, guiado apenas pela determinação de servir os seus interesses”.

Tendo votado ou não no Partido Trabalhista, ou mesmo “especialmente para os que não votaram”, Starmer prometeu “um governo de serviço: “a política pode ser uma força para o bem e vamos mostrar” que é possível, afirmou. “Mudámos o Partido Trabalhista, voltámos ao serviço e é assim que vamos governar. O país primeiro, o partido em segundo”.

Starmer afirmou que a falta de confiança na política britânica só pode ser sanada por ações e não por palavras, mas “podemos começar hoje com o simples conhecimento de que o serviço público é um privilégio e que seu governo deve tratar todas as pessoas neste país, com respeito”.

No início do discurso, o novo primeiro-ministro teve uma palavra para o seu antecessor: o “esforço extra” que enfrentou como “o primeiro primeiro-ministro asiático britânico” merece que lhe seja reconhecida “a dedicação e o trabalho árduo que ele trouxe à sua liderança”.

Keir Starmer é o sétimo primeiro-ministro trabalhista e venceu as eleições, com o partido a conseguir 412 deputados, depois de ter perdido as quatro eleições gerais anteriores.

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