O investimento que o grupo de supermercados Lidl quer fazer na Região Autónoma da Madeira tem levado a uma intensa troca de acusações entre o Juntos Pelo Povo (JPP) e a Câmara do Funchal. A força partidária defende que a autarquia tem bloqueado a entrada da empresa na Região enquanto que o município diz que já foram aprovados dois projetos, e os outros dois necessitam de reformulação, e acusa a força política de populismo e demagogia.
A mais recente troca de acusações entre JPP e Câmara do Funchal, sobre o LIDL, aconteceu na passada terça-feira.
O secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, afirmou que o PSD e a Câmara do Funchal têm feito “constantes bloqueios políticos” aos investimentos que o LIDL quer fazer no Funchal.
“O JPP jamais deixará a Câmara do Funchal bloquear a abertura das quatro lojas da cadeia LIDL, no Funchal”, disse Élvio Sousa.
A força partidária diz que tem sido o único partido na Região que tem colocado a questão do LIDL como um dos “principais focos” da sua ação política, por entender que o “bloqueio constante tem impedido introduzir mais concorrência” entre as grandes cadeias de supermercados e com isso “reduzir o custo de vidas” das famílias.
Élvio Sousa referiu que a ação fiscalizadora do JPP, e o recurso à via judicial, já obrigou a Câmara do Funchal “a mostrar a verdade ao JPP, e onde acabamos por descobrir e revelar aos madeirenses que esta autarquia deu parecer desfavorável a dois dos quatro investimentos do LIDL no Funchal, a saber: o prédio da Rua Dr. Pita e o prédio das ruas Severiano Ferraz e das Mercês com a Rua dos Ferreiros”.
Élvio Sousa referiu que esta “é a verdade inquestionável”, e reforçou que o JPP “vai continuar a andar em cima e a verificar quem anda a bloquear e a impedir que haja mais concorrência, mais preços competitivos, menor custo de vida”.
O dirigente do JPP reforçou que “a seriedade” é um “ponto de honra” da atuação do JPP.
“Hoje, cada vez mais, os madeirenses precisam de saber a verdade, e as jogadas que estão por detrás daqueles que estão debaixo do pés dos monopólios, e a construir barreiras para impedir que entre mais concorrência nos portos, nos produtos petrolíferos e nos produtos alimentares”, afirmou Élvio Sousa.
A força partidária sublinhou o “forte investimento” que o Lidl tem feito em todo o país e acrescentou que “o único bloqueio a nível nacional dá-se aqui na Madeira. Por que será?”, questionou o secretário-geral da força partidária.
Em resposta, a autarquia do Funchal disse que o JPP pode continuar “na sua deriva populista e demagoga, com ajustes de semântica na narrativa que pretendem invocar, que nunca transformarão a mentira numa verdade”.
A autarquia referiu que o processo do Lidl “corre os seus trâmites normais” e que o grupo de supermercados tem já dois processos de licenciamento concluídos (Poço Barral e junto à Rotunda da Assicom), “os quais podem iniciar de imediato”.
O município esclareceu que o investimento no Largo Severiano Ferraz “está sujeito a nova apreciação, assim que a empresa acomode no projeto as alterações sugeridas, nomeadamente ao nível da preservação do património edificado (a Câmara do Funchal não permitirá a demolição dos prédios históricos ali existentes), e reformule a logística operacional do funcionamento da superfície comercial, de forma a não criar mais entraves ao trânsito que se verifica naquele local, principalmente em horas de ponta”.
Quanto ao projeto da Rua Dr. Pita a Câmara do Funchal esclareceu que “está condicionado” a uma suspensão do Plano Diretor Municipal (PDM) ou à sua respetiva alteração, “uma vez que a área comercial de implantação pretendida excede o que é legalmente permitido”.
Face a estas explicações a autarquia perguntou ao JPP “querem que a Câmara do Funchal aprove projetos que não estão de acordo com a lei?”.
A autarquia deu conta do “bom relacionamento” com o Lidl e remeteu mais considerações ao “teatrinho” da JPP para o comunicado da grupo alemão, de janeiro deste ano, que ressalva que a empresa tem tido “todo o apoio necessário por enviado parte das autoridades locais” e que se “encontra a reorganizar o seu plano de expansão para a Região Autónoma da Madeira, na sequência do contexto económico e financeiro, nacional e internacional, vivido atualmente, sem qualquer motivação política”.
Relativamente aquela que é a política de investimentos da Lidl a autarquia diz entender que o JPP deve endereçar essas perguntas ao Lidl “o que pelos vistos nunca fez, embora perceba que isso não renda o folclore político pretendido nesta altura”.
A Câmara do Funchal sublinhou que como sempre “está recetiva a todos os projetos que acrescentem dinamismo e valor económico à cidade, desde que respeitem todos os preceitos legais”.
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