A ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid deve iniciar o seu funcionamento em 2025. Este é, pelo menos, o entendimento da Aliança Ibérica pela Ferrovia, que indica que a Península não deve esperar pela concretização dos grandes investimentos.
O apelo foi feito este domingo, após a realização das Jornadas Ibéricas pela Ferrovia, em Lisboa. Segundo comunicado da Associação Zero, que organizou a segunda edição das jornadas, os dois países devem acelerar os planos, tendo em vista o Mundial de Futebol em 2030.
“Numa altura em que os investimentos na alta velocidade ferroviária entre Lisboa e Madrid, e entre Lisboa e Porto, estão plasmados no Plano Ferroviário Nacional e podem e devem ser acelerados tendo em vista a realização do Campeonato Mundial de Futebol da FIFA, agendado
para 2030, em Portugal, Espanha e Marrocos, é imperativo que sejam tomadas medidas com o objetivo de tornar os tempos de viagens através da ferrovia competitivos com as viagens aéreas, uma vez que 15% a 20% dos movimentos aéreos de Lisboa e do Porto destinam-se a cidades da Península”, lê-se no documento.
Além disso, a aliança pede que seja feita uma análise aos serviços noturnos e serviços regionais transfronteiriços que foram cancelados e reduzidos nas últimas cinco décadas.
As jornadas apelaram para o facto da criação de serviços poder ser “operacionalizada desde já”, não sendo necessário esperar “pela concretização dos grandes investimentos [do Plano Ferroviário] que, sendo inadiáveis e urgentes, demorarão algum tempo a concretizar-se”, dando o exemplo da “nova travessia ferroviária do Tejo que não ficará pronta antes de 2030”.
O Plano Ferroviário Nacional apresentado em novembro de 2022 previa então a terceira travessia sobre o Tejo, nomeadamente entre Chelas e o Barreiro, indicando a sua conclusão até 2050. Mas esta não é a primeira vez que se fala na nova ligação no rio, sendo que se encerrou uma escola em Marvila em 2010 precisamente para a passagem do TGV.
A Aliança apoiou ainda o pedido da CP para organizar um serviço noturno entre Lisboa e Madrid, bem como recuperar a ideia de uma ligação noturna entre Lisboa e Hendaya, para Paris.
Da reunião saiu ainda o apelo de se “estruturar o transporte ibérico de mercadorias”, por este representar 40% das emissões de dióxido de carbono da mobilidade terrestre e também do consumo de combustíveis rodoviários. A Aliança Ibérica considera que a eletrificação da logística tem um papel muito significativo na descida rápida do impacto climático do sector dos transportes nos dois países, e a rápida infraestruturação ferroviária dos portos, bem como a constituição de plataformas rodoferroviárias junto dos grandes centros geradores de carga são absolutamente decisivas”.
Outro assim, foi pedido para Portugal “não repetir os erros de Espanha”, uma vez que desenvolveu “a rede transeuropeia de ligação aos portos, aeroportos e grandes centros urbanos, sem ter em conta a sua conexão com a rede convencional”. Agora, estas duas redes devem continuar a “sofrer melhorias nas suas diferentes dimensões, nomeadamente na acessibilidade às estações através de corredores pedonais, cicláveis e de transporte público rodoviário”. No fundo, a Aliança aconselha a que Portugal use apenas uma única bitola, para que os mesmos comboios circulem em toda a ligação, evitando o que aconteceu no país vizinho.
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