Benjamim Vieira, Senior Partner da McKinsey & Co, estima que “80% da investigação nos próximos anos vai ser no horizonte do GenAI [Inteligência artificial generativa]”.
A conjetura foi apresentada no primeiro dia do ‘Lisbon, Law and Tech 2023’, conferência organizada pelo Instituto de Conhecimento da Abreu Advogados, que nesta edição se realiza em torno do impacto da Inteligência Artificial (AI) na banca, nos serviços financeiros, nas indústrias criativas e na prática jurídica.
Levando ao painel “Transformação da banca e dos serviços financeiros suportada pela Inteligência Artificial” números recentes de um estudo da McKinsey & Co sobre a tecnologia, Benjamim Vieira deixou claro o peso dessa indústria para a economia mundial: “Representa 4,4 biliões de valor para a economia mundial”.
“A maior parte do valor vai estar em sales e marketing. Acreditamos que toda a parte de interface, com clientes finais, vão ser áreas fortemente impactadas e vão ter um benefício muito significativo com a inteligência generativa”, explicou.
Segundo Benjamim Vieira, que lidera a área de prática de arquitetura digital e de IT para empresas na Península Ibérica da McKinsey & Co, a banca “vai ser fortemente impactada”, beneficiando significativamente da inteligência generativa.
“No sector bancário, as nossas estimativas indicam entre 200 a 340 mil milhões. Vai ser muito impactado, estimamos nós, na parte de marketing and sales e customer operations; portanto, tudo o que tenha a ver com campanhas”.
“Toda a parte de software engineering, de risco legal, interpretação de textos legais e resposta, money laundering, são áreas muito significativas, onde se espera que com a inteligência generativa tenhamos um salto”, explicou, acrescentando que “a parte de desenvolvimento de produtos não será uma área tão relevante no sector bancário”.”
Também na área da engenharia de software (software engineering) o sector espera uma grande “disrupção”.
“Vamos estar a olhar para programadores muito mais produtivos e eficientes no futuro. E, depois, olhamos para outras áreas que são toda a parte do research e development, com pesquisa de novas soluções, em que conseguimos fazer mockups e testar coisas antes de criar protótipos”, disse Bejamim Vieira.
“Se isto é um ‘hype’ ou uma realidade… O ChatGPT teve uma aceleração ou uma adoção fenomenal e hoje em dia é a plataforma com maior crescimento em termos de utilizadores. Uma das coisas muito comuns na indústria passa por vermos qual é o tempo para chegar a um milhão de utilizadores. Vimos que o ChatGPT foi muito mais rápido do que a Netflix, Airbnb, Spotify, Instagram. Foi uma adoção massiva. Por outro lado, também vemos que as empresas de venture capital, portanto os investidores, estão a seguir um bocadinho esta tendência e estão a assumir valuations muito mais altas para este tipo de empresas e também estão a fazer compromissos bastantes significativos com o desenvolvimento desta tecnologia”, explicou.
“Isto é uma tecnologia que pelo que sabemos vai estar em voga. 80%, diria, do research que vai ser feito nos próximos anos vai ser dentro do horizonte do GenAI e de como possibilitar que o GenAI permita um bocadinho de mais produtividade e automação como se espera”, explicou durante o debate moderado por Diogo Pereira Duarte, Partner na Abreu Advogados.
“‘Hype’ ou ‘reality’? Já é uma realidade”, insistiu. “É algo que vai transformar o mundo. Estamos todos a aprender com a experimentação e com o desenvolvimento desta tecnologia”, continuou, pronunciando-se sobre valores, abordagens, arquitetura para capturar o valor, riscos e desafios, bem como sobre os ensinamentos e aprendizagens conseguidas nas primeiras implementações.
“Cada grande empresa está a desenvolver o seu próprio de modelo de foundation model e o seu modelo de GenAI”.
“Em termos das diversas estratégias que vemos as empresas a seguirem, há três modelos: taker, shaper e maker“, diferenciou, explicando que “a maior parte das empresas acaba por estar na lógica do taker”.
“É uma tecnologia relativamente recente. Ainda não está totalmente claro quem é que vão ser os vencedores e quem vão ser os vencidos. A maior parte das empresas tem uma lógica um bocadinho mais exploratória, se bem que existem algumas que estão numa lógica de fazer algum shaping dos modelos de GenAI que vão ser utilizados”, continuou.
“Isto não significa que os dados não sejam propriedade da organização. Aquilo de que falamos é se vale a pena ou não desenvolver o seu próprio modelo de LLM [Large Language Models]. É um pouco o que tem sido a prática da indústria e aquilo que cada vez mais vemos as organizações a fazer”, explicou.
Segundo Benjamim Vieira, “os modelos por si só não são suficientes”. “O modelo não vai permitir nenhuma digitalização, nenhuma captura de produtividade, nenhuma melhoria operacional; é muito importante entender que estes modelos acabam por ser mais ou menos 15% daquilo que se necessita para se conseguir ter alguma melhoria com este tipo de soluções”, explicou.
No painel participaram, ainda, Paulo Figueiredo, administrador do primeiro banco de investimento em Portugal, e que criou, em 2020, a STARKDATA, que oferece uma solução de software com base em IA e machine learning para os sectores da banca e da saúde, bem como Ricardo Posser Chaves, diretor-executivo do BPI, que dirige o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA), criado pelo banco em 2022.
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