Através da sua obra, o escritor indiano Amitav Ghosh tem sido uma das vozes mais críticas do colonialismo e dos seus múltiplos efeitos, como o extermínio de povos ou a exploração dos recursos, humanos e naturais, dos países e territórios ocupados.
Seja na ficção – nomeadamente, na histórica, baseada em acontecimentos reais, como “The Glass Palace” (a vida de uma família birmanesa entre a ocupação britânica, em 1885, e a independência, após a Segunda Guerra Mundial) ou “Mar de Papoilas” (sobre um navio que transporta escravos indianos para trabalhar nas plantações de cana-de-açucar e no transporte de ópio) –, seja quando mistura relato de viagem com memórias, ensaio e História, Ghosh explora diversas técnicas narrativas para questionar a natureza da identidade pessoal e nacional.
Neste mundo globalizado, onde cada indivíduo está ligado aos demais, Amitav Ghosh pretende provar em “A Maldição da Noz-Moscada. Parábolas para um planeta em crise” que a atual crise climática teve início precisamente na forma como, há séculos, as potências coloniais começaram a desenvolver uma forte economia extrativa, como no caso das especiarias, como a noz-moscada (oriunda das ilhas Banda, na Indonésia) ou o cravo da Índia, muito valorizadas na Europa – e que serviam tanto para a culinária como na confeção das tintas usadas pelos pintores da Idade de Ouro da pintura holandesa.
Cruzando passado e presente, este livro, editado pela Elsinore, com tradução de Miguel Romeira, não pode deixar de provocar alguma polémica.
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