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Lucros da Cofina afundaram 77,8% para 1,6 milhões de euros em 2020

Cofina justifica a quebra homóloga com custos não recorrentes e as imparidades de ‘goodwill’. Os custos não recorrentes estão associados à operação de aquisição da Media Capital. Os efeitos da pandemia sobre as receitas também penalizaram o exercício do grupo liderado por Paulo Fernandes.
Paulo Fernandes
CEO da Cofina, Paulo Fernandes
18 Março 2021, 19h40

O resultado líquido da Cofina ascendeu a 1,589 milhões de euros em 2020, o que representa um tombo de 77,8% face ao lucro registado em 2019, de acordo com as contas veiculadas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Em 2019, o grupo de media liderado por Paulo Fernandes, que controla o “Correio da Manhã” e a CMTV, ascendia a 7,150 milhões de euros.

A Cofina justifica a quebra homóloga com os efeitos da pandemia nas receitas do grupo, aos quais somaram-se custos não recorrentes associados ao negócio da Media Capital e imparidades de goodwill. “Excluindo custos não recorrentes e as imparidades de goodwill, o resultado líquido seria de 5,5 milhões de euros”, lê-se.

O grupo registou um conjunto de custos não recorrentes, essencialmente associados “a custos de transação” relativos à operação de aquisição da Media Capital, “os quais ascenderam a cerca de dois milhões de euros”. Além destes, registaram-se “imparidades de goodwill no montante de aproximadamente 1,9 milhões de euros”.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) do grupo fixou-se nos 10 milhões de euros, menos 40% face ao registado no período homólogo de 2019. A margem do EBITDA foi 14,1%, menos cinco pontos percentuais. Excluindo os custos não recorrentes e imparidades de goodwill, o EBITDA caiu 17%, para 13,9 milhões de euros.

As receitas totais da Cofina ascenderam a 71,4 milhões de euros, o que significa uma quebra homóloga de 18,8%. As receitas totais foram penalizadas por diminuições verificadas na circulação, na publicidade e no marketing. “As receitas de circulação e as receitas de publicidade registaram decréscimos de 20,7% e de 19,4%, respetivamente” e as “receitas associadas a marketing alternativo e outros recuaram 13,7%.

Num segundo comunicado´, enviado à redação, a Cofina explica a diminuição em todas as rubricas de receitas com a Covid-19. que gerou uma “forte contração dos investimentos publicitários”. Além disso, a implementação das medidas de confinamento entre março e maio traduziu-se “no encerramento de muitos dos pontos de venda ao público das publicações”, o que explica a quebra nas receitas de circulação e nas receitas associadas ao marketing.

Por segmento, as receitas em imprensa, incluindo todas as publicações em papel e as receitas provenientes do mercado digital, fixaram-se nos 55,911 milhões de euros, menos 24% face a 2019. Já o negócio da televisão mostrou resiliência em 2020, com as receitas a crescerem 5%, para 15,533 milhões de euros. Isto porque, no segundo semestre do ano, as receitas do segmento de televisão cresceram mais de 11%, com a publicidade televisiva, captada pela CMTV, a gerar sete milhões de euros. “As receitas provenientes de fees de presença e outros atingiram 8,5 milhões de euros”, lê-se.

A empresa assinala, ainda, as medidas implementadas devido à pandemia tiveram um impacto negativo de “aproximadamente 130 mil euros, incluindo os gastos com equipamentos de proteção individual, entre outros”.

Em 31 de dezembro de 2020, a dívida líquida nominal da Cofina era de 40,1 milhões de euros, o que corresponde a uma redução de aproximadamente 4,8 milhões de euros relativamente à dívida líquida nominal registada a 31 de dezembro de 2019 (44,9 milhões de euros). A dívida inclui “o caucionamento de um montante de 10 milhões de euros” sobre o contrato de compra e venda celebrado em 20 de setembro de 2019 com a Prisa para a aquisição de 100% da Vertix, veículo do conglomerado espanhol que detinha então 94,69% da Media Capital.

Processo arbitral com a Prisa ainda decorre
No relatório de contas de 2020, a Cofina dá conta, ainda, que o processo arbitral movido pela Prisa contra o grupo de Paulo Fernandes por causa da caução do negócio da venda da dona da TVI ainda decorre na Câmara do Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP). O processo foi iniciado depois do negócio em causa ter caído por terra.

A 15 de abril de 2020, a Cofina recebeu um requerimento de arbitragem, no qual a Prisa, que à época controlava a Media Capital, reclama o direito de receber a caução de dez milhões de euros associada ao negócio. A verba encontra-se depositada no BPI e está congelada até que o processo arbitral se conclua.

Apesar do processo ainda estar a decorrer, a Cofina mantém a convicção que as alegações da Prisa “carecem de qualquer fundamento” e, por isso, acredita, “com base na informação disponível, atual e de conhecimento à data, suportado nos seus assessores legais, que o montante será devolvido ao grupo , motivo pelo qual não procedeu ao registo de qualquer provisão sobre o saldo apresentado no ativo do grupo”.

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