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Lucros da Corticeira Amorim caem 32% com queda nas vendas

Depois de ter fechado o ano de 2023 de forma mais contida que no homólogo anterior, o exercício de 2024 parece começar da mesma forma. As vendas estão a descer em quase todas as divisões da empresa.
9 Maio 2024, 17h05

Com uma quebra na faturação de 10%, para os 234,7 milhões de euros, a Corticeira Amorim fechou os primeiros três meses deste ano com lucros de 16,1 milhões de euros, reflexo, segundo comunicado da empresa enviado à CMVM, dos custos não recorrentes da reestruturação do Amorim Cork Flooring e do serviço da dívida. Fatores que se juntam à diminuição do volume de negócios.

Após ter fechado 2023 abaixo dos mil milhões de euros de vendas, um recorde atingido no ano anterior, e menos 9,5 milhões de euros de lucros, a Corticeira Amorim parece estar, no presente ano, no mesmo ritmo de evolução. Na empresa liderada por António Rios Amorim, os lucros de 16,1 milhões de euros representam menos 32,4% do que o obtido no mesmo período do ano passado.

Dos cinco ramos de negócio em que a empresa está dividida, apenas a divisão de cortiça composta conseguiu um aumento homólogo do seu volume de negócios, que mesmo assim não foi além dos 0,6%. Todas as outras quatro divisões apresentam decréscimos que se situam entre os 4,6% e os 16,5%.

O EBITDA sobre as vendas melhorou para 18,6% (18,4% no homólogo dos primeiros três meses de 2023), mas o EBITDA diminuiu para 43,7 milhões de euros (-8,8%). A Corticeira destaca como positivos: aumento dos preços de venda e a redução da matéria-prima não-cortiça; e como fatores negativos: a desalavancagem operacional, o aumento dos preços da cortiça e o aumento dos custos de eletricidade.

Para Rios Amorim, presidente e CEO, “os primeiros três meses do ano foram afetados por condições de mercado desfavoráveis. Perante os efeitos negativos da desalavancagem operacional, refletindo uma contração de volumes nos setores onde operamos, e do aumento de preços de consumo de cortiça, os nossos esforços concentraram-se em aumentar a eficiência industrial, melhorar o mix e ganhar quota de mercado”.

No segmento de pavimentos, “face à ausência de sinais encorajadores do mercado europeu, tornou-se inevitável a implementação, no curto-prazo, de um Plano de Otimização Industrial que visa reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência da Amorim Cork Flooring. Num contexto marcado por uma elevada incerteza, pretendemos que 2024 seja um ano positivo para a Corticeira Amorim. Contamos com a resiliência e dedicação das nossas Pessoas, confiantes de que os investimentos realizados nos últimos anos permitirão continuar a disponibilizar produtos e soluções inovadoras, conquistar novos mercados e clientes, protegendo os níveis de rentabilidade e reforçando a solidez financeira”, refere, citado pelo comunicado enviado à CMVM.

No primeiro trimestre de 2024, as vendas consolidadas da Corticeira Amorim atingiram 234,7 milhões de euros (M€), um decréscimo de 9,7% face ao período homólogo de 2023, principalmente pela redução dos volumes de venda. Todas as Unidades de Negócio (UN) registaram pressão sobre as vendas, exceto a Amorim Cork Composites, cujas vendas cresceram ligeiramente para 27,5 M€ (+0,6% face ao período homólogo).

As vendas da Amorim Cork (-10,4% face ao período homólogo), que representaram 77% das vendas consolidadas, foram penalizadas pela redução dos volumes, transversal a todos os segmentos, ainda que tenham beneficiado de melhorias do mix de produto e da implementação de subida de preços.

O EBITDA consolidado totalizou 43,7 M€,o que compara com 47,9 M€ no primeiro trimestre de 2023. O consumo de matérias-primas da cortiça adquiridas a preços mais elevados e os efeitos negativos da desalavancagem operacional foram determinantes para esta redução. A Amorim Cork e a Amorim Cork Composites foram as UN que se destacaram em termos de melhoria de rentabilidade no período, refletindo, entre outros, menores custos de matérias-primas não cortiça e melhores eficiências industriais, refere ainda o documento. A margem EBITDA consolidada cifrou-se em 18,6% (1Q23: 18,4%).

Após resultados atribuíveis aos interesses que não controlam, a Corticeira Amorim encerrou o primeiro trimestre de 2024 com um resultado líquido de 16,1 M€, uma redução de 32,4% face ao período homólogo. Esta evolução reflete a inclusão de custos não-recorrentes da implementação no curto prazo de um Plano de Otimização Industrial na Amorim Cork Flooring (4,0 M€), bem como o aumento dos encargos financeiros em consequência do aumento das taxas de juro e do maior nível de endividamento.

No final de março, a dívida remunerada líquida baixou para 236,7 M€ (12M23: 240,8 M€), apesar do acréscimo das necessidades de fundo de maneio (25,7 M€) e do aumento do investimento em ativo fixo (12,4 M€).

“Influenciado pelo contexto económico que afeta o setor da construção e pela intensificação da concorrência de produtores asiáticos, o mercado de pavimentos na Europa enfrentou reduções de vendas de 14% em 2022 e de cerca de 20% em 2023, registando perdas significativas que têm levado os grandes players do sector a implementar medidas para redução de custos”, refere ainda a empresa.

Este contexto desfavorável penalizou também a atividade e os resultados da Amorim Cork Flooring que, nos últimos anos, tem apresentado prejuízos que se agravaram nos primeiros meses de 2024. Considerando o exigente contexto macroeconómico, a inexistência de sinais de recuperação da indústria de pavimentos e as atuais debilidades competitivas da Amorim Cork Flooring, “foi decidido iniciar um processo de reestruturação desta UN que implica, numa primeira fase, o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de forma a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência pela otimização industrial”.

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