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Madrid pode negociar (mais dinheiro e autonomia) se catalães não realizarem referendo

“A Catalunha já conta com grande autonomia, mas podemos discutir uma reforma do sistema financeiro e outras situações”, disse o ministro da economia, dias antes da realização do referendo que é considerado ilegal pelo Governo central do país.
21 Setembro 2017, 12h04

O governo espanhol está disposto a dar mais dinheiro e mais autonomia financeira à Catalunha se a região voltar atrás com a questão da independência, disse o ministro da economia de Madrid ao Financial Times.

O ministro da economia espanhol, Luis de Guindos, disse que o plano de referendo das autoridades catalãs no próximo dia 1 de Outubro não tem qualquer legitimidade legal e a região não terá forma nenhuma de se tornar independente.

“Uma vez que sejam abandonados os planos de independência, podemos conversar sobre soluções futuras”, disse o ministro, adiantando que qualquer discussão se inseriria nos quadros legais do país. “A Catalunha já conta com grande autonomia, mas podemos discutir uma reforma do sistema financeiro e outras situações”.

Os comentários de Guindo seguem-se às detenções de ontem da policia nacional paramilitar de Espanha, que invadiu os gabinetes do governo catalão, confiscou material eleitoral e prendeu 13 funcionários.

Os desenvolvimentos de ontem foram a escalada de tensão mais significativa entre Madrid e a Catalunha, com a independência da região a ameaçar começar uma crise constitucional e política. A Generalitat da Catalunha já disse que se a maioria votar sim, a região declarará a sua independência em 48 horas. Recorde-se que não há participação mínima para a votação ser viável.

Rajoy tem a sua reputação ‘em cheque’ depois dos inúmeros discursos em que garantiu que não se realizaria nenhum referendo em relação à independência de nenhuma região espanhola, neste caso, a Catalunha.

Ainda que tenha ameaçado os envolvidos com multas e penas de prisão, o governo em Madrid está aberto a discutir novos termos.

“Em 2012 [quando a Catalunha queria mais independência financeira] estávamos no meio da crise e nosso foco era evitar um resgate a Espanha. Agora a situação mudou, temos mais espaço fiscal, temos recuperação e isso abre novas oportunidades de discussão “, afirmou Guindos.

O ministro da economia reforça que a votação é ilegal e argumenta, com questões económicas, a recusa da independência da região explicando que, além das tarifas de exportação que resultarão do facto de a região não fazer parte da UE, os bancos catalães teriam que mudar de sede ou perder o acesso à liquidez do Banco Central Europeu.

A região da Catalunha representa um quinto da economia espanhola mas pode ver a sua produção económica cair quase 30% caso vença o sim.

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