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‘Make America Great Again’: As seis promessas de Trump que podem mudar o mundo

O milionário Donald Trump torna-se oficialmente o novo inquilino da Casa Branca, esta sexta-feira. Do muro na fronteira com o México à reaproximação à Rússia, conheça as propostas que vão marcar o mandato.
REUTERS/Lucas Jackson
20 Janeiro 2017, 07h53

A cerimónia de tomada de posse de Donald Trump como 45º presidente dos Estados Unidos é já esta sexta-feira, dia 20 de janeiro. Enquanto presidente, o multimilionário nova-iorquino será um dos homens mais poderosos do mundo, à frente da maior economia mundial, durante quatro anos.

Apesar de ter vindo a mudar ligeiramente o seu discurso, há algumas propostas que Donald Trump quer, a tudo o custo, ver aprovadas. E algumas delas podem vir a alterar o rumo do mundo: para melhor ou para pior.

 

 

O muro para travar a imigração ilegal do México

“Quando o México manda o seu povo para os Estados Unidos, mandam pessoas que têm um monte de problemas e trazem estes problemas para nós. Eles trazem as drogas, trazem o crime, e as violações. Alguns deles, eu confesso, são boas pessoas”.

As declarações de Donald Trump, durante a campanha eleitoral, não caíram bem junto do povo mexicano. E o anúncio da construção de um “muro grande e lindo” para travar a entrada de emigrantes ilegais, bem como a deportação dos 11 milhões de imigrantes clandestinos, só vieram agravar ainda mais a relação entre os dois países.

Milhares de cidadãos saíram às ruas para se mostrarem contra as políticas anti-imigração de Trump, logo após a sua nomeação para presidente. Mas nem os acessos protestos foram capazes de demover o magnata nova-iorquino.

“Nós vamos construir um muro”, reitera. “Eu não quero esperar um ano e meio para chegar a acordo com o México; nós vamos construir um muro agora”. O muro terá um custo previsto de 25 mil milhões de dólares que Donald Trump quer que sejam suportados pelo Governo do México.

 

O fim anunciado do ObamaCare

Durante a campanha presidencial, Donald Trump prometeu que iria “cancelar todas as ações executivas, memorandos e ordens emitidos pelo presidente Obama” e agora que está prestes a tomar as rédeas da Casa Branca é bem provável que isso venha a acontecer. A começar desde logo pelo programa de saúde de Obama, o Affordable Care Act, vulgarmente conhecido como “ObamaCare”.

Classificado pelo magnata como “um completo e total desastre”, assim que tomar posse, Donald Trump garante que irá proceder à sua substituição por um novo, o chamado “TrumpCare”.

“Será um plano de saúde muito menos caro e de longe muito melhor”, garante Donald Trump. O republicano quer alargar a cobertura médica a todos os norte-americanos, com prémios de seguro “significativamente mais baixos”. Tudo isso, “pago pelo Estado”, que irá buscar rendimentos a outros setores de atividade.

A aplicação do “TrumpCare” poderá, contudo, vir a ser dificultada, tendo em conta que a revogação do plano em vigor terá de ser aprovada no Congresso não só pelos republicanos, mas também pelos democratas. Ora estes consideram o “ObamaCare” uma das maiores vitórias democratas, que alargou os cuidados de saúde a 12,7 milhões de norte-americanos que, até então, não tinham como pagar seguros de saúde.

 

 

A aproximação desejada à Rússia

No que à política externa diz respeito, Donald Trump está comprometido em tentar uma reaproximação ao Kremlin, com a delimitação de objetivos comuns às duas rivais de outrora.

Desde o início da campanha que o multimilionário se tem desdobrado em elogios a Vladimir Putin e, a serem verdade, os alegados ataques cibernéticos levados a cabo por Moscovo durante a campanha para beneficiar Trump mostram que não se trata de um sentimento platónico.

Na primeira conferência de imprensa depois das presidenciais norte-americanas, o magnata negou ter recebido qualquer tipo de apoio russo e desvalorizou o relatório dos serviços secretos norte-americanos que denunciavam que a Rússia estaria na posse de informações pessoais e financeiras comprometedoras sobre ele.

“Essas acusações são completamente falsas e absolutamente disparatadas”. “Se agrado a Putin, isso é bom, não é um problema”, assegura Donald Trump.

E as juras de amor entre os dois líderes podem estar para durar. Durante o mandato, Donald Trump admite ponderar um alívio às sanções do presidente Barack Obama impostas à Rússia pelo presidente Barack Obama, no caso de a Rússia ajudar os Estados Unidos em objetivos centrais como a luta contra o extremismo violento.

 

A China como inimigo número um

O futuro inquilino ainda não se instalou na Casa Branca e já está a dificultar a digestão a vários líderes mundiais. Que o diga Xi Jinping, que viu a China transformar-se no ódio de estimação de Donald Trump.

Durante a campanha, o nova-iorquino apontou o dedo ao Governo de Pequim, acusando-o de desvalorizar artificialmente a moeda para aumentar a competitividade com as empresas americanas e de “construir um enorme complexo militar no Mar do Sul da China”. A China reagiu acusando Trump de “infantilidade”.

As duras críticas trocadas entre os dois líderes subiram ainda mais de tom após um polémico telefonema entre Donald Trump e Tsai Ing-wen, a líder de Taiwan (a ilha considerada pela China uma “província rebelde” que ousa declarar a independência), que pôs fim ao corte das relações diplomáticas com a ilha que durava há mais de 35 anos.

“Se Trump renegar o princípio de uma só China depois de assumir o cargo, o povo chinês vai exigir ao governo que se vingue”, escreve o jornal estatal chinês Global Times em editorial.

O azedar das relações pode sair caro aos Estados Unidos, tendo em conta que a China é a maior detentora de dívida pública norte-americana.

 

O mito das alterações climáticas e a aposta no crescimento económico

Assim que Donald Trump tomar posse, a maioria republicana no Senado quer acabar com os limites impostos às empresas para reduzir a poluição atmosférica. Este será um golpe duro para os ambientalistas e ativistas mundiais que têm procurado combater o aquecimento global.

Ainda antes de pensar em candidatar-se a presidente, em 2012, Donald trump escrevia no Twitter que o aquecimento global é uma “fraude inventada pelos chineses para minar a industrialização dos EUA”. Esta foi também uma das ideias que esteve patente durante toda a campanha eleitoral do candidato republicano.

“Está a nevar no Texas e Louisiana, com temperaturas negativas recorde por todo o país. O aquecimento global é uma farsa muito cara”, escreveu no Twitter.

À margem da Cimeira do Clima de novembro, em Marraquexe, Donald Trump revelou a intenção de sair do Acordo de Paris e aplicar os milhares de milhões de euros despendidos em programas de combate às alterações climáticas da ONU em projetos para promover o emprego e aumentar a riqueza do país.

Na pasta da economia, o empresário vai apostar numa série de medidas protecionistas, criando um embargo às importações. Ao mesmo tempo que anuncia um cerrar das fronteiras económicas, Trump avança que os produtos vindos de fora vão passar a contar com impostos de 45%. A medida visa “devolver a indústria” aos Estados Unidos, que segundo Trump está a ser fortemente “explorada” pelo capital chinês.

 

O afastamento da “obsoleta” NATO

Nem a organização intergovernamental de defesa militar escapa às críticas do futuro presidente dos Estados Unidos. Descrita como “obsoleta”, Donald Trump admitiu ponderar a retirada de tropas em defesa de alguns membros da NATO. E uma vez mais o Twitter serviu de base à difusão das ideias do multimilionário.

“As Nações Unidas têm tanto potencial, mas neste momento não passa de um clube para pessoas se juntarem, falarem e passarem um bom bocado. Tão triste!”, escreveu.

Pela primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, o chefe de Estado de um país membro da organização admitiu, ainda durante a campanha eleitoral, repensar as garantias de proteção aos membros da NATO, alegando ter cumprido todas as “obrigações” com a aliança militar.

“Quando é que se viu a ONU a resolver problemas? Não o faz, causa problemas”, acrescentou ainda Donald Trump aos jornalistas, à porta de um hotel em Miami, onde esteve a passar férias.

A promessa eleitoral prevê a retirada de todas as tropas americanas estacionadas na Europa e na Ásia se os seus aliados não puserem “a América em primeiro lugar” e não começarem a pagar mais pela proteção dos Estados Unidos, a “polícia do mundo” do pós-guerra.

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