Marcelo Rebelo de Sousa, durante a sua última intervenção no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, prestou uma emocionante homenagem aos militares e ao antigo chefe de Estado, general Ramalho Eanes, que recebeu uma condecoração especial.
Na cerimónia militar, realizada na Avenida dos Descobrimentos, na cidade algarvia de Lagos no dia de ontem, o chefe de Estado expressou a sua gratidão ao “povo anónimo” e sublinhou a importância do papel dos militares na história do país.
“Este é o verdadeiro Portugal, composto por portugueses e portuguesas, onde se destacam os nossos combatentes, os nossos militares. Estes homens e mulheres que, anualmente, se fazem presentes neste dia, estão intrinsecamente ligados à nossa história, desde o seu início. A nossa independência foi conquistada graças à sua bravura e intervenção”, declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto chefe do Estado e comandante supremo das Forças Armadas, realçou que “Portugal é um reino construído por esses soldados, e hoje é uma nação que respira liberdade e democracia, graças a esses mesmos soldados”.
“Neste 10 de Junho de 2025, em Lagos, desejamos prestar homenagem a quem, ao longo de mais de 90 anos de vida, foi combatente em África, capitão de Abril, figura central de Novembro e chefe militar até ao mais alto comando, sendo o primeiro Presidente da República Portuguesa eleito livremente pelo povo”, acrescentou.
Antes de proceder à condecoração de António Ramalho Eanes, o Presidente afirmou que o general “merece, como ninguém, o primeiro grande-colar da Ordem Militar da Avis, uma distinção até agora nunca atribuída”.
“Esta é uma homenagem a um homem notável e ao seu percurso como militar e cidadão. Uma homenagem às Forças Armadas Portuguesas, ao povo português e a Portugal. Viva Portugal”, concluiu.
“A diversidade de opiniões é uma boa notícia para a democracia”
O Presidente da República rejeitou ainda a ideia de que a política em Portugal esteja excessivamente polarizada. Para Marcelo, existem diferentes pontos de vista, mas a liberdade e a democracia não estão em risco.
“O país não pode ser considerado muito polarizado. Os portugueses estavam, talvez, polarizados em épocas de transição de regimes, como na passagem da monarquia para a república, ou durante os períodos de ditadura e democracia”, afirmou o chefe de Estado à imprensa, em Lagos, à margem das celebrações.
Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou que, ao longo da história, existiram “polarizações totais”, mas que o atual contexto interno é moderado e não compromete a democracia.
“Hoje, dentro do quadro democrático, é normal haver uma diversidade de opiniões, desde que nenhuma delas ponha em risco a liberdade e a democracia. Isso é uma excelente notícia, especialmente quando olhamos para o mundo e vemos que existem mais ditaduras do que democracias”, sublinhou.
O Presidente falou com a comunicação social enquanto caminhava pela Avenida dos Descobrimentos, em Lagos, após a cerimónia militar em celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, realizada esta terça-feira.
Questionado sobre a presença de um candidato presidencial, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, que tinha uma agenda distinta durante a cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que “os candidatos têm de fazer pela vida”.
“Seria estranho que, no Dia de Portugal, não houvesse candidatos presentes nesta cerimónia ou que estivessem em outro evento, mesmo que não pudessem estar aqui”, acrescentou, referindo-se também à presença de outro candidato presidencial, o ex-presidente do PSD, Luís Marques Mendes, em Lagos.
Sobre o passado colonial de Portugal, abordado pela escritora e conselheira de Estado Lídia Jorge no seu discurso do 10 de Junho, e se é necessário assumir responsabilidades, o Presidente desdramatizou a questão e fez uma alusão à recente vitória da seleção nacional de futebol contra a Espanha, ocorrida no domingo à noite.
“Nós, portugueses, ao mesmo tempo que reconhecemos os nossos méritos, também admitimos que houve falhas na nossa história, tanto internamente como nas nossas relações externas. É normal ter defeitos, ninguém é perfeito. O que realmente importa é que, em momentos fundamentais, conseguimos mostrar qualidades que nos permitem triunfar”, concluiu.
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