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Marcelo em entrevista: Odemira “estava muito latente”

Em entrevista à RTP, o Presidente da República recordou o papel essencial do poder local no apoio à superação da pandemia. E assegurou que o próximo Orçamento está garantido.
  • Mensagem Ano Novo 2020 Marcelo Rebelo de Sousa
13 Maio 2021, 21h07

“Há muitas situações destas no país”, disse Marcelo Rebelo de Sousa em entrevista à RTP quando questionado sobre os acontecimento em torno dos trabalhadores estrangeiros de Odemira, para afirmar que “estava muito latente” todo o problema que acabou por suscitar muitas manchetes, reportagens e consequências políticas, mas que era conhecida há anos. “Tenho que fazer pedagogia” em relação ao momento de xenofobia por que o país está a passar, principalmente para que essas tentações sociais desapareçam.

Numa entrevista que aparenta ser uma das menos ‘intrusivas’ em termos políticos, o Presidente da República não quis entrar em grandes polémicas, tendo preferido recordar que o país tem todo o interesse em furtar-se a qualquer tipo de crise política. Nesse quadro, disse, a sua disposição é manter toda a calma política – e deu o exemplo: nenhum apontar de dedo mais incisivo, nenhuma crítica mais forte, nem mesmo em relação aos temas mais polémicos. Para Marcelo Rebelo de Sousa, o tempo é de comprometimento com o Plano de Recuperação e Resiliência e não para a intriga política.

“Remodelar é uma decisão do primeiro-ministro, depende muito da avaliação que faz o primeiro-ministro e o contexto”, disse Marcelo Rebelo de Sousa – respondendo à possibilidade de apoiar uma remodelação próxima. “Não me surpreendo com nada” nesta matéria, afirmou, para dizer que é António Costa quem faz a avaliação dos membros do Governo, nomeadamente no que tem a ver com o ministro Eduardo Cabrita. Muito cauteloso nas palavras, o Presidente da República não quis comprometer-se com uma resposta que o ‘prendesse’ politicamente a qualquer remodelação – ao contrário do que já fez no passado, precisamente em relação ao mesmo ministério.

“Não estou convencido que haja dificuldades para aprovar o próximo Orçamento do Estado”, disse Marcelo Rebelo de Sousa. Mas disse também que um dos problemas que se afiguram mais preocupantes é o arranque da recuperação da economia: “temos dois anos cruciais para a aplicação de fundos e devemos ter uma taxa próxima dos 100%”, o que, recordou, não está na tradição nacional. Sobre a matéria, “o que tenho feito é apelar permanentemente a que a legislatura vá até ao fim”, recordou.

O Presidente da República não quis comentar em demasia a hipótese de o Orçamento ser aprovado pelo PSD e não pelo bloco à esquerda do PS. “O Orçamento é o retrato de uma opção governativa num determinado contexto. É muito difícil um partido da oposição” dar o seu apoio, principalmente “num ano de eleições autárquicas”, disse.

Há sinais interessantes de investimento externo”, o que será muito importante – num quadro em que a estabilidade política será fundamental. “Haverá coligações ditas negativas?”. Mas “o panorama social é o mais preocupante. Demora muito tempo chegar à vida das pessoas”. Neste particular, Marcelo disse que “é bom que as instituições funcionem” e por isso não está preocupado com o diferendo entre o Tribunal Constitucional e algumas decisões do Governo em matéria de apoios sociais.

Por outro lado, Marcelo disse também que “O papel do poder local é central para a reconstrução” para recuperar da pandemia” disse Marcelo Rebelo de Sousa. Ao afirmar que “as pessoas querem que o Governo governe melhor”, Marcelo disse também que as pessoas não querem crises políticas.

Quanto ao que sucedeu na festa do Sporting, Marcelo disse “que temos de ter muito cuidado para não recuarmos para indicadores muito negativos”. Com um grande calendário desportivo pela frente, Marcelo recomendou cuidado.  Forças de segurança, Câmara Municipal de Lisboa e Sporting repartiam a responsabilidade, mas “houve um somatório de fatores que não se podem repetir. “Que diabo, percebo” que os adeptos estavam ‘desesperados’, mas “temos de aprender com aquilo que aconteceu.

Muito cuidadoso com as palavras, Marcelo afirmou que “não queria ser duro com as motivações, mas com o resultado” dos festejos. “Não sei se o ministro da Administração Interna, se tudo aquilo foi tratado por outras estruturas. Não tenho informação, não tenho essa noção, disse. “Há uma leveza excessiva na criação de condições para aglomerar pessoas”.

 

(em atualização)

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