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Marcelo não quer sentar-se ao lado de Bruno de Carvalho no final da Taça de Portugal

O Presidente da República não confirmou hoje se vai à final da Taça de Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa quis “deliberadamente” deixar margem de manobra para decidir até ao próximo domingo. Chefe de Estado “não vê com agrado” sentar-se ao lado do presidente do Sporting na tribuna presidencial do Estádio Nacional.
16 Maio 2018, 16h41

Marcelo Rebelo de Sousa, recusou esta quarta-feira, 16 de maio, confirmar se vai estar presente na final da Taça de Portugal, domingo, no estádio Nacional no Jamor, no jogo que opõe o Sporting ao Desportivo das Aves. O Jornal Económico sabe que a não confirmação foi deliberada. O Presidente da República não respondeu para ganhar margem de manobra para decidir a sua presença. Isto porque, para o chefe de Estado seria um incómodo sentar-se ao lado do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, na tribuna presidencial do Estádio Nacional no Jamor.

Questionado nesta quarta-feira, 16 de maio, pela Lusa, em Leiria, sobre se vai ao Jamor, Marcelo respondeu: “para já não quero dizer mais nada”. Uma declaração que surge no dia em que estão a decorrer buscas na SAD do Sporting, relacionadas com suspeitas de atos de corrupção. E que, segundo fonte próxima ao chefe de Estado, “foi deliberada para ter margem de manobra” para decidir mediante a presença, ou não, de Bruno de Carvalho na tribunal presidencial do estádio do Jamor. Situação que “não é do inteiro agrado do Presidente” e “poderia ser um incómodo”, depois dos acontecimentos dos últimos dias, nomeadamente as agressões a futebolistas e membros da equipa técnica por parte de um grupo de cerca de 50 adeptos na Academia de Alcochete.

Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República confirmou que o Ministério Público estava a investigar um alegado esquema de corrupção relacionado com a compra de equipas de arbitragem no andebol e que envolvia o Sporting. Suspeitas que, no âmbito da operação ‘Cashball’ poderão estender-se a outras modalidades como o futebol elevaram nesta quarta-feira à detenção quatro pessoas pela presumível prática dos crimes de corrupção ativa no desporto, entre as quais a de André Geraldes (diretor do futebol do Sporting) e Gonçalo Rodrigues (funcionário do Sporting que suspendeu funções esta terça-feira).

O Jornal Económico questionou fonte oficial da Presidência da República sobre a não confirmação da presença de Marcelo na final da Taça e o “incómodo” em sentar-se ao lado de Bruno de Carvalho, tendo a mesma fonte se recusado a prestar “quaisquer comentários”, remetendo resposta à questão para as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa nesta quarta-feira.

Outra fonte recorda, no entanto, que Marcelo “é o presidente de todos os portugueses” e que “não respondeu hoje deliberadamente para ganhar mais tempo para tomar a decisão”, que, diz, estará condicionada à presença de Bruno de Carvalho na tribuna presidencial do Estádio do Jamor.

Recorde-se que o presidente do Sporting  habitualmente costuma assistir aos jogos no banco de suplentes, mas face ao relacionamento tenso com os jogadores verificado depois do episódio dos post no facebook a seguir ao jogo com o Atlético de Madrid, tal poderá não acontecer no próximo domingo.

A final da Taça de Portugal em futebol, que todos os anos se realiza no estádio do Jamor, em Oeiras (distrito de Lisboa) conta habitualmente com a presença do chefe de Estado. Mas este ano, no jogo que coloca frente a frente Sporting e Aves, Marcelo poderá não marcar presença na tribunal presencial do Estádio Nacional, porque não se quer sentar ao lado de Bruno de Carvalho, revelou ao Jornal Económico fonte próxima ao Presidente da República.

Marcelo sente-se “vexado”

Em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência comemorativa do Dia Nacional dos Cientistas, Marcelo Rebelo de Sousa disse sentir-se “vexado” com os incidentes de terça-feira com futebolistas e treinadores do Sporting e assumiu ser este o momento de travar a escalada de violência no desporto.

“Tive o sentimento de alguém que se sente vexado pela imagem projetada por Portugal no Mundo. Vexado porque Portugal é uma potência, nomeadamente no futebol profissional, e vexado pela gravidade do que aconteceu”, afirmou o Presidente da República.

Na terça-feira, um grupo invadiu a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediu futebolistas e equipa técnica do clube de Alvalade.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que em Portugal “não pode haver dois ‘Portugais’, um Portugal que é estado de direito democrático e o outro que vive à margem do estado de direito democrático. Não pode ser no desporto, no futebol ou noutra área qualquer”.

O chefe de Estado lembrou que o país se rege por leis e uma Constituição, apelando à criação de um “clima de serenidade”.

“Tenho-o dito em vários domínios da vida portuguesa, agora é a ocasião perante a gravidade do que aconteceu dizer no domínio, também, do desporto, concretamente do futebol profissional”, alegou o chefe de Estado.

“Temos de ter a noção de que é fundamental para o próprio futebol, para o próprio desporto e para a própria sociedade portuguesa que se perceba que o clima criado ao longo dos tempos, que foi debatido no parlamento, foi objeto de chamadas de atenção do Governo e de responsáveis de toda a ordem, não pode nem deve continuar. Sob pena de uma escalada que vai destruir o desporto português, desprestigiá-lo lá fora e desprestigiá-lo cá dentro e, nessa medida, empobrecer a sociedade portuguesa”, frisou o Presidente da República.

O Governo também já repudiou os incidentes na Academia do Sporting, em Alcochete, que considerou atos de vandalismo e criminosos.

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