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Marques Mendes: Governo deve pedir renovação do estado de emergência esta semana

Comentador político considera que os confinamentos deste fim-de-semana deverão acabar porque daqui a duas semanas realiza-se o congresso do PCP “para não se dar a ideia de que há dois pesos e duas medidas — o país está confinado mas está a correr um congresso”.
15 Novembro 2020, 21h58

O Executivo deverá pedir ao Presidente da República a renovação do estado de emergência esta quinta-feira, devendo ocorrer a discussão parlamentar na sexta-feira e o Chefe do Estado deverá falar ao país depois.

A opinião é do comentador Luís Marques Mendes que disse ainda que pensa que o confinamento ao fim-de-semana não se deverá manter depois das 23h59 de domingo, 22 de novembro.

A razão é puramente política, na óptica do comentador político, que falou esta noite na SIC, durante o seu espaço semanal de comentário político: o congresso do PCP realiza-se daqui a duas semanas.

“Eu acho que vai ser por uma razão política [que se vai acabar com os confinamentos de fim-de-semana], é que daqui a duas semanas o PCP tem o seu congresso. Para não se dar a ideia de que há dois pesos e duas medidas — o país está confinado mas está a correr um congresso — este confinamento vai ficar apenas por estas duas semanas”, disse o ex-deputado do PSD.

Marques Mendes disse ainda que o PCP beneficiaria se “tomasse a decisão de adiar o seu congresso, como o fez o BE”.

Quanto às medidas tomadas pelo Executivo ao abrigo do estado de emergência, Marques Mendes disse que será necessário esperar, mas vincou que o Governo poderia clarificar “nos próximos dias” se será possível circular, ou não, no país ou entre concelhos, no Natal.

O Governo também deveria aproveitar o próximo estado de emergência para fazer “a diferenciação” das regras nos conselhos, porque nem todos têm os mesmos níveis de contágio. Segundo o comentador, esta medida foi prometida pelo Governo “duas vezes” e até agora, não foi cumprida.

Para Marques Mendes isto insere-se num leque de “falhas” do Governo na gestão da pandemia. O ex-deputado do PSD disse que “há falhas um pouco de todos nós”, mas centrou as críticas na atuação do Governo, sendo as falhas mais graves as que são relativas ao “planeamento, falta de eficácia das decisões e decisões tomadas tarde e a más horas”. “Não há uma medida que seja tomada e que depois não seja revista”, salientou.

O comentador também apontou o dedo para a quantidade de exceções às regras que o Governo impõe para controlar a pandemia. “O Governo tomou várias medidas para várias concelhos do país, mas são mais exceções do que as regras. Não pode ser”, disse.

Isto numa altura em que “a pandemia não está controlada em Portugal”. Segundo os gráficos que o comentador apresentou esta noite sobre a evolução da pandemia nos últimos 14 dias, “hoje estamos pior do que estávamos há cinco semanas”. “Portugal é o décimo pior da União Europeia (UE) com mais casos por cada 100 mil habitantes. Estamos acima da média da UE nos últimos 14 dias. Demonstra bem que decisões tardias não dão os resultados que se esperam, ao contrário da Alemanha, Bélgica e Espanha”, referiu Marques Mendes.

“O estado anímico não é bom e as pessoas estão revoltadas com algumas más decisões. Não há um consenso político como houve na primeira fase da pandemia. Hoje começamos a ter os primeiros sinais de quebra da coesão social — basta pensar nas manifestações deste fim-de-semana. E há falta de liderança política, o Governo tem falhado ao longo dos vários dias”, realçou.

Houve ainda uma palavra para o setor da restauração. Marques Mendes considerou que o Governo tem “tentado ajudar a restauração, mas era bom que o Governo ponderasse ainda algumas medidas fiscais” no Orçamento do Estado para 2021.

Marques Mendes revelou que Portugal deverá começar a receber as 11,5 milhões de doses de vacinas — quer a vacina da Astrazeneca, quer a vacina da Pfizer/BioNTech — a partir do final de janeiro e início de fevereiro de 2021.

 

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