Os médicos do Hospital Central de Maputo que ameaçavam paralisar o trabalho extraordinário devido a atrasos de pagamento anunciaram hoje que vão dar um prazo de 30 dias ao Governo, após negociações com o Ministério da Saúde.
“Vamos esperar por mais 30 dias. A intenção é ver se o acordo a que chegamos é ou não cumprido. Queremos ver a implementação do que foi acordado”, declarou à Lusa o porta-voz do grupo de médicos do Hospital Central de Maputo (HCM).
Os médicos do HCM, a maior unidade de saúde do país, ameaçaram em finais de maio paralisar o trabalho extraordinário a partir do dia 01 de junho, exigindo o pagamento das horas extra.
Numa carta dirigida ao diretor-geral do HCM, consultada pela Lusa, os profissionais ameaçavam interromper os serviços a partir das 15:30 de domingo, além dos feriados e fins de semana, até que a dívida, que se estende por 13 meses, seja liquidada.
A decisão de dar um prazo de 30 dias ao Governo surge após encontros, na segunda-feira, com Ministério da Saúde, lideradas pelo próprio ministro da Saúde, Ussene Hilário Isse.
Segundo o porta-voz do grupo de médicos, o problema afeta mais 300 médicos daquela que é a principal unidade de saúde pública no país.
“Todos os médicos do hospital central estão na mesma situação”, acrescentou o porta-voz do grupo.
Em 27 de maio, o Governo moçambicano pediu diálogo aos médicos.
“Tem sido repetitivamente dito da nossa parte que a única alternativa que temos é de continuar a conversar. Não existe uma medida mágica para paralisar qualquer que seja a intenção de manifestar-se, seja por um direito, seja por qualquer outra razão, sobretudo num contexto de limitação de recursos, quando sabemos que a solução passa necessariamente por disponibilizar esses recursos”, declarou, na altura, o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa.
O setor da saúde enfrenta, há três anos, greves e paralisações convocadas pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos.
O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou também, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas pela Associação Médica de Moçambique (AMM) exigindo as melhorias das condições de trabalho.
O país tem um total de 1.778 unidades de saúde, 107 das quais são postos de saúde, três são hospitais especializados, quatro hospitais centrais, sete são gerais, sete provinciais, 22 rurais e 47 distritais, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde.
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