O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou hoje a Doha para pressionar no sentido de uma trégua entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, após mais de dez meses de guerra na Faixa de Gaza.
O chefe da diplomacia norte-americana deverá reunir-se com o emir do Qatar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, no âmbito de uma viagem que o levou a Israel e ao Egito.
Os Estados Unidos são, em conjunto com o Qatar e o Egito, mediadores nas negociações de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, quando as duas partes sinalizaram que os desafios para um acordo permanecem.
O Hamas classificou a última proposta que lhe foi apresentada como uma reversão daquilo com que tinha aceitado e acusou os Estados Unidos de concordarem com “novas condições” de Israel. Não houve resposta imediata por parte dos Estados Unidos.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reuniu-se entretanto com grupos de famílias de soldados mortos e de reféns na posse do Hamas na Faixa de Gaza.
Estes grupos, que se opõem a um acordo de cessar-fogo, disseram que Netanyahu lhes disse que Israel não abandonará dois corredores estratégicos no enclave, cujo controlo por parte das forças de Telavive tem sido um obstáculo nas negociações.
O gabinete de Netanyahu não comentou este relato.
Um alto funcionário norte-americano, citado sob anonimato pela agência Associated Press (AP), disse serem “totalmente falsos” alegados comentários de Netanyahu de que teria afirmado a Blinken que Israel nunca sairia dos corredores de Filadélfia e Netzarim.
Mas um outro funcionário norte-americano, citado pelo seu lado pela agência France Presse (AFP), criticou declarações atribuídas ao primeiro-ministro israelita sobre o controlo da fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, considerando que “não eram construtivas”, em plenas negociações de uma trégua.
“Declarações maximalistas como estas não são construtivas para se chegar a um acordo de cessar-fogo”, disse o responsável que acompanha o secretário de Estado norte-americano na sua viagem ao Médio Oriente, e que pediu anonimato devido à sensibilidade das discussões.
O encontro de Netanyahu com as famílias ocorreu no momento em que os militares israelitas disseram ter recuperado os corpos de seis reféns feitos no ataque do Hamas em 07 de outubro em solo de Israel e que deu início à atual guerra.
Em oposição aos grupos que se avistaram hoje com o líder israelita, muitos outros familiares e cidadãos pressionam Netanyahu para concordar com um cessar-fogo com vista a serem devolvidos os restantes reféns.
Os encontros de Blinken no Egito, que faz fronteira com a Faixa de Gaza, e no Qatar, que acolhe alguns líderes do Hamas no exílio, acontecem depois de o chefe da diplomacia de Washington se ter encontrado com Netanyahu na segunda-feira e ter dito que o dirigente israelita aceitou uma proposta dos Estados Unidos para colmatar as lacunas que separam Israel e o Hamas, ao qual apelou para seguir o mesmo exemplo.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de pessoas levadas como reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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